1928 - 2020
Deixou um legado de alegria a todas as pessoas próximas.
"Minha mãe viveu uma vida plena", diz Edna, a filha mais velha.
Na infância, Dona Assussena brincou com os irmãos. Trabalhou a vida toda, casou com quem quis. Cuidou do marido, que morreu em casa, segurando sua mão. Teve três filhos, que lhe deram sete netos.
Morou em Santos por cinquenta anos, amava viver no local. Se percebesse que seria um belo pôr do sol, corria para a praia, que ficava a uma distância de quase dois quilômetros de sua casa. Nunca conseguiu realizar seu sonho de morar em frente à praia, mas realizou muitos sonhos dos seus filhos e, mais ainda, de dois netos, a quem acolheu, deu estudos e seu exemplo de amor incondicional, de determinação e de alegria de viver.
"Ela deixou um caminho tranquilo para mim, sua filha mais velha. Vivemos juntas por quinze anos. Estava sempre um passo à frente dos meus desejos, uma sabedoria além dos meus limites", conta Edna.
Assussena foi mãe, confidente e conselheira. Não tinha jeito de vovó sábia, mas de uma batalhadora, praticamente indestrutível.
"Hoje, conversando com meus filhos, tios e primos — uma família bastante grande — todos, sem exceção, lembram-se de passagens alegres, das coisas engraçadas que contava e fazia, das viagens que fez, das comidas árabes deliciosas. Deixou um legado de alegria para todos. Uma mulher como poucas. Adorava multidões. Morreu só", diz a filha.
Assussena nasceu em Garça (SP) e faleceu em Santos (SP), aos 92 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Assussena, Edna Audi Kalaf. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Raiane Cardoso, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 10 de agosto de 2020.