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Ednalva da Cruz Silva

1961 - 2020

Nalvinha foi uma baiana daquelas que mesmo saindo da Bahia, a carregava no corpo, no gingado e na alma.

Como não poderia deixar de ser, se tornou sambista da ala das baianas de escola de samba em São Paulo.

Saiu de Salvador aos 13 anos com suas irmãs e se foi pra São Paulo. Com otimismo e uma alegria que seu sorriso nunca deixou espantar, plantou essa alegria na família que formou, com o marido Carlão, seu companheiro de 37 anos de estrada e nas filhas Andreia e Letícia que geraram.

Ednalva era uma cozinheira de mão cheia! Amava estar com a família e com os amigos. Como coordenadora da ala das baianas da Escola Colorado do Brás, Nalvinha fazia questão de não somente desfilar (e de colocar as filhas pra desfilar na escola também), mas de cozinhar para toda a escola em dia de festa. A filha Andreia conta que em dia de comemoração ou de grande reunião “minha mãe era quem fazia a feijoada da Escola e a macarronada. Todo mundo adorava a comida dela!”.

A família conta que Nalvinha nunca parava. Com aquele sorrisão largo no rosto e a casa sempre cheia, tinha a mania de estar sempre fazendo algo diferente. Além da grande paixão pelo Carnaval, que a levou a desfilar não só na Colorado, mas também na Mocidade Alegre e na Nenê da Vila Matilde, Nalvinha amava viajar e gostava muito de praia, paixão que trazia desde menina, lá em Salvador. A soteropolitana trazia o sol na pele e descobriu no município de Mongaguá, praia no litoral do estado de São Paulo, o refúgio ideal para seus réveillons em família, "Íamos para lá todos os anos e sempre que podíamos viajávamos também pra Porto Seguro, na Bahia" conta Andreia.

“Minha mãe era maravilhosa, uma grande companheira. Ela e meu pai, Carlão, viviam muito unidos, na vida e no samba”, conta a filha. Andreia conta ainda que Nalvinha era aquele tipo de pessoa que não podia ver ninguém necessitado que já corria pra ajudar. Era hospitaleira, solidária e feliz, se alguém não tivesse onde dormir, ela recebia em casa. Era amiga e companheira e se fosse preciso passava a noite cozinhando ou costurando para ver sua Escola de Samba sair.

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Nalvinha, era uma pessoa alegre e feliz, que amava o carnaval, cozinhar e fazer festas. Ela era muito família, amava reunir todos em sua casa e fazer as suas deliciosas comidas.

Ela não pensava em si, mas pensava nas outras pessoas e em suas dificuldades. Ela deixava a sua casa na Penha em São Paulo, para sair para distribuir alimentos aos necessitados na rua.

Ela também era a "chefa" da Ala das Baianas, na escola de samba Colorado do Brás.

Ednalva nasceu em Salvador (BA) e faleceu em São Paulo (SP), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha e pela prima de Ednalva, Andreia da Cruz Silva e Sebastiana Inácia da Silva. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Sandra Maia Farias Vasconcelos, revisado por Rosana Forner e moderado por Rayane Urani em 1 de agosto de 2020.