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Elisangela Francisca Duarte

1980 - 2020

Tinha um coração tão bonito e receptivo que se alguém lhe fizesse mal, ela mesma ia tentar fazer as pazes.

Elisangela, Danda como era chamada pelos mais próximos, foi uma mulher que carregava consigo uma alegria que contagiava qualquer um em poucos segundos. Sempre radiante, gostava muito de se divertir em festas, de sair para passear e, igualmente, de receber pessoas queridas em sua casa. Qualquer pessoa que chegasse lá, mesmo que pela primeira vez, era muito bem recebida e acolhida por ela.

Com tanta alegria, era difícil deixá-la com raiva e fazê-la guardar esse sentimento. Por vezes ficava chateada, é claro, mas era questão de momento.

Outras coisas que deixavam Elisangela feliz era viajar, aproveitar a paz das chácaras no interior de São Paulo e encontrar sua família que vivia no Maranhão. E sua família era seu bem mais precioso, da qual cuidava com toda a entrega de quem se nutre do amor. Para quem convivia de perto, era de se admirar a facilidade com que fazia de tudo por seu filho Kaio; Ivan, seu marido; por seus irmãos e principalmente por sua mãe, que era uma das pessoas mais importantes de sua vida. Tudo que estivesse no poder dela, ela fazia por essas pessoas.

Por bastante tempo, Elisangela trabalhou como cabeleireira e, além disso, maquiava como ninguém. Como profissional, assim como em todos os outros âmbitos da vida, era muito carismática e caridosa. Além da alegria e do bem estar que proporcionava às suas clientes, conseguiu oferecer oportunidades para várias pessoas trabalharem ao seu lado no salão. Sempre foi uma mulher dedicada e batalhadora durante o serviço, mas fora dele também.

Esse jeito tão bonito de ser, encantava quem a conhecia e contagiava quem estivesse por perto. Para Renata, sua grande amiga, das muitas marcas que Elisangela deixou no mundo, a que mais a comovia era a facilidade que tinha de perdoar e de não deixar o belo sorriso de seu rosto se desfazer, acontecesse o que fosse. Era amiga com a qual se podia contar para tudo. Por vezes, num mundo tão caótico, seu amor chegava a ser incompreendido, mas nunca abalado, afinal de contas, era sua essência: a alegria, a bondade e o amor. Elisangela foi e será sempre um exemplo de uma alma de paz, que perdoava sem fazer esforços e que alegra e ilumina o mundo com memórias tão felizes.

Elisangela nasceu em Buriti Bravo (MA) e faleceu em Diadema (SP), aos 40 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela amiga de Elisangela, Renata Kelly de Sousa Moura Andrade. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Gabriela Pacheco Lemos dos Santos, revisado por Renata Nascimento Montanari e moderado por Rayane Urani em 6 de agosto de 2021.