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Fernando da Paixão Botelho

1953 - 2020

Ele era uma viagem.

Fernando aprendeu muito cedo o que era trabalho. Sempre viajante, por muito tempo desempenhou com muito amor e dedicação a função de operador de máquinas pesadas na Comara. O cansaço o seguindo aos muitos destinos que, por sua vez, nem sempre foram tão aconchegantes, nunca foi motivo para barrar o amor do paraense à viagem que era a vida. Mesmo depois de aposentado persistia ele na realização de tantos trabalhos... Aliás, que qualidade! Era assim em tudo: dos pequenos consertos de coisas domésticas às grandes solidariedades prestadas a quem precisasse.

Carinhosamente chamado de "Mangueirão" devido ao seu grande porte físico, o pai que também era um verdadeiro amigo adorava ser o companheiro de sua filha; um companheirismo que se concretizava nas idas ao supermercado, na caminhada no Utinga e até nas compras no shopping. Neste último e não menos importante destino, Fernando curtia tanto a presença de Suelen que nem se importava com sua demora em escolher as peças.

Ao verbalizar suas convicções, "sem sacanagem nenhuma" era o que tantas vezes dizia. Palavras de um homem que foi uma verdadeira viagem e, em si, guardou o mundo. O levou consigo.

Fernando nasceu em Marapanim (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.

História revisada por Irion Martins, a partir do testemunho enviado por filha Suelen Botelho, em 20 de julho de 2020.