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Flávia Almeida Santana Souza

1976 - 2020

Por onde passava, deixava uma coisinha de si.

Assim era a alagoana Flávia. Sempre cuidadosa e atenciosa, seja com familiares, amigos ou desconhecidos. A dedicação ao próximo a levou a trilhar um lindo caminho como técnica de enfermagem desde 1996. Para os colegas de trabalho, “os plantões jamais serão os mesmos”. A sua presença e a sua energia contagiavam todos a sua volta, principalmente no hospital em que trabalhava. Se não estivesse lá, sua felicidade não estava completa.

A mãe de Camille, Clebson Luiz e Ellen era tão dedicada à profissão quanto era à família. O tempo que não estava reservado para cuidar das pessoas no hospital, era destinado para o zelo de seus filhos e seu casamento. Morava há vinte e cinco anos em Itabaiana, com Clebson, seu marido. Lá, constituíram uma família, um lar. Na vida, os dois compartilhavam muitas coisas, inclusive a profissão: Clebson também é técnico de enfermagem no mesmo hospital em que a esposa trabalhava. Os filhos repassarão a educação e a simpatia, herdadas da mãe.

A dedicação de Flávia será lembrada por muitos itabaianenses. “Difícil uma pessoa em Itabaiana não conhecer ela”, contou sua irmã, Silzane. Quando faleceu, os colegas de trabalho pediram para que o caixão passasse pela cidade, onde fizeram uma homenagem no hospital em que Flávia trabalhou. O ato reuniu não só os funcionários, mas outras pessoas de fora, que queriam se despedir da técnica que tanto acrescentou ao lugar. Itabaiana, apesar de não ser a cidade onde nasceu, era a sua cidade do coração.

Silzane lembra-se dos encontros em família com a irmã, que sempre registrava os momentos com fotos e irradiava sua felicidade entre os parentes. As memórias são da animação e alegria de Flávia. Toda vez que ela e os dez irmãos se reuniam, era festa. A união entre todos permanecia apesar da distância, o lema da família era “mexeu com um, mexeu com todos”. Apesar da rotina ocupada, Flávia e Silzane sempre mantinham contato. O “bom dia” de uma era respondido, já ao entardecer, pela outra com um “boa tarde” ou “boa noite”, quando chegava em casa.

Flávia zelava por todos e pelas coisas que conquistou com o seu trabalho. Seu zelo era percebido na atenção dada às pessoas, no cuidado e organização que tinha com a sua casa, no empenho na criação de seus filhos. Deixou um legado que será honrado em nome da pessoa incrível que foi. Será lembrada como um exemplo de ser humano. Uma das várias mensagens de apoio recebidas por Silzane, lamentando a morte de Flávia: "Ela foi muito importante, orgulhe-se da irmã que você teve". E, decerto, Silzane, assim como toda a família de Flávia, sempre se orgulhará.

Flávia nasceu em Pão de Açúcar (AL) e faleceu em Aracaju (SE), aos 44 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã e pelo esposo de Flávia, Silzane Almeida Santana Santos e Clebson Farias de Souza. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Gabriela Luise Santos Rosa, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 19 de setembro de 2020.