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Floriano Viera da Silva

1932 - 2020

Pescava nos rios - além de peixes -, histórias e lendas que encantavam suas netas.

Floriano, que era conhecido também como Seu Dudu, nasceu em Itupiranga, interior do Pará, uma Cidade cortada por vários rios nos quais ele pescava não só os peixes, mas também as histórias de suas pescarias, viagens de barco e muitas lendas.

Richellen, uma de suas netas, conta que amava as histórias que ele contava e que ela era capaz de passar horas ouvindo: “Ele me falava que já tinha visto o Nego D'água, que é uma Lenda no Rio Tocantins. Eu ficava com bastante medo, mas achava incrível. Gostava também quando falava das viagens de barco demoradas, de Itupiranga a Marabá... que passava horas viajando, que comia no barco...”

Além do amor pelas águas dos rios, era um apaixonado por esportes e torcia para o Flamengo e para o Paysandu, um Time paraense. Gostava também de ficar em casa assistindo a jogos, novelas ou então ouvindo Luiz Gonzaga, Calypso e Martinho da Vila em seu radinho de pilha, logo depois pelo Youtube, quando aprendeu a utilizá-lo.

Era apaixonado pelas coisas boas da vida, pelos filhos e, principalmente, pela sua esposa. Os dois tiveram uma relação muito feliz durante os 62 anos de seu casamento e viveram de uma tal forma que inspiraram os seus descendentes com o exemplo de companheirismo que praticaram. Ver a família reunida era sua alegria em datas comemorativas, ocasiões em que os almoços eram marcados por fartos e deliciosos pratos.

Muito racional, calado, inteligente, organizado e responsável, ele fazia parte de uma geração de pessoas que não sabiam dizer “eu te amo”, contudo que demonstravam seu amor com abraços, cuidados e grande empenho em ver todos bem. Para ele sua maior prioridade era o conforto dos filhos assim trabalhou a vida inteira para poder dar-lhes o melhor e, a segurança que ele lhes proporcionou, colaborou para que todos pudessem viver muito bem.

Ao longo de sua vida Floriano trabalhou em várias profissões. Foi seringueiro, vendedor de açaí, de sapatos e, finalmente, montou um mercadinho no qual ele e uma das filhas trabalharam por muito tempo. Tal condição acabou por aproximá-lo muito das netas que permaneciam o dia todo na casa dos avós, chegando Richellen a chamá-lo de Papai Dudu.

Ela recorda de muitas das histórias vividas, mas uma delas recebe destaque especial: “Meu avô não saía muito de casa depois que a idade chegou. Eu moro há três anos aqui em Goiânia e sempre ia visitá-lo. Em uma dessas visitas, dois meses antes dele falecer, ele aceitou ir comigo para a casa de lazer da minha mãe, que ficava do outro lado do rio. Mamãe comprou esse lugar há anos e ele nunca tinha ido, porém foi comigo. Eu fiquei muito emocionada e esse dia foi muito especial para mim”.

Richellen que representa os filhos, netas e bisnetos de Floriano nesta homenagem, conclui afirmando que ele deixou um legado composto por valores como: caráter, honestidade, responsabilidade, tratamento digno e respeitoso para com o próximo como ele sempre fez.

Floriano nasceu em Itupiranga (PA) e faleceu em Marabá (PA), aos 88 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de Floriano, Richellen Silva dos Santos. Este tributo foi apurado por Giovana da Silva Menas Mühl, editado por Vera Dias, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 7 de dezembro de 2021.