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Jacira Rodrigues da Silva

1948 - 2020

Rodeada pela família, adorava cantarolar animadamente, enquanto apontava os dedinhos indicadores para o alto.

Não havia quem não amasse a Dona Jaca, como Jacira era carinhosamente chamada por todos. “A senhora mais alegre que já conheci. Por ser amável e atenciosa com todo mundo, era muito popular”, afirma sua nora, Érica.

A família era seu bem maior e Jacira costumava chamar os familiares de “Meus Zamores”. “Ela queria ter seus cinco filhos ao redor da mesa, em todas as ocasiões”, diz Érica, relatando que a sogra era muito dedicada e adorava cozinhar para a família. Também era uma avó presente e carinhosa: “Costumava repetir sempre aos netos o seu bordão: ‘Só não te dou o céu com as estrelas, porque não posso’”, recorda a nora.

Érica conta que se divertia bastante na companhia da sogra: “Vivemos juntas várias histórias engraçadas, como em uma vez, que fomos ao mercado — ela gostava de ir ao mercado em dias de feira — e, na hora de pagar, viu que tinha esquecido a carteira. Tivemos, entre risadas, que chamar sua filha, para nos socorrer”.

A nora diz que nunca conheceu alguém tão bem-humorado como Jacira, ainda mais quando ela tomava sua cervejinha: “Mas era assim o dia inteiro, já acordava cantando. Sentada à mesa, com a família reunida, a música que ela mais gostava de cantar, enquanto levantava os dedos indicadores, era “O Nosso Santo Bateu", do Matheus e Kauan”.

Um trecho da letra da canção afirma que “dessa vida nada se leva”. No entanto, a trajetória de Jacira, repleta de alegrias e afetos, é prova de que muito pode ser deixado: “Ela deixou para toda sua família — filhos, netos, noras, genros e irmãos —, o ensinamento mais lindo de todos: A importância do amor, da união e do respeito”, conclui Érica, afirmando que todos que conviveram com Dona Jaca sentem uma imensa saudade de sua presença e de seu alto-astral.

Jacira nasceu em Garanhuns (PE) e faleceu em São Paulo (SP), aos 74 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela nora de Jacira, Érica Santos Rodrigues da Silva Porto. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Renata Meffe, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 8 de novembro de 2020.