1937 - 2020
Lutar na vida era o que ela fazia bem; além de cantar, dançar e acreditar no amor.
Dona Jacyra foi mãe, avó, bisavó, sogra e irmã.
Matriarca, era a estrutura da família e também a cantora das rodas de viola, aquela que "cortou um dobrado" para criar os três filhos.
Viveu a vida intensamente. Amou, apaixonou-se.
Quinze anos após enviuvar, casou-se novamente, com um violeiro, e foi ser feliz.
Tinha muito orgulho da família que construiu e defendia todos com unhas e dentes. Estava sempre cantando, rezando ou fazendo uma comida gostosa para os familiares. Não esquecia o aniversário de nenhum e tinha a mania de colocar um dinheirinho no bolso dos netos, para comprarem alguma coisa que gostassem.
Debilitada emocionalmente pela perda do companheiro, pelo filho ter sofrido um AVC em seguida; deixou de cantar, quase não dormia e só não perdeu a fé.
Antes de partir, ainda deu todas as instruções de como a família deveria agir, caso ela viesse a faltar.
Ela só não os ensinou a lidar com a saudade, como questiona a neta Jaqueline: "Como aceitar que a nossa referência de vida não estará mais aqui?" Resignada, diz que a promessa que a família fez é de cuidar do filho dela (seu pai), assim como ela planejava cuidar. E mais: "Passaremos aos nossos filhos todo caráter que ela nos ensinou a ter. Minha avó amada, vá em paz. Obrigada pela vida linda. Agora brilhe e olhe por nós, juntamente com nosso 'vodrasto', aí de cima. Amamos vocês!"
E, uma coisa é certa: Lá de cima, Dona Jacyra e seu companheiro vão olhar por eles e, juntos, tocar alguma moda de viola.
Jacyra nasceu em Bauru (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Jacyra, Jaqueline Albano Goes. Este tributo foi apurado por Viviane França, editado por Lucas Cardoso, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 13 de junho de 2020.