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Joaquim Aires Sá de Souza

1991 - 2021

Sonhava em ser piloto desde criança. Na linha de frente, comandou voos que ajudaram a salvar incontáveis vidas.

Joaquim, ou Quinzinho como era para os pais, foi filho único que chegou ao mundo em 1991, depois de vários anos de tratamento para gravidez. Ele veio como um raio de luz, uma bênção muito desejada e concedida por Deus e que tornou o dia do seu nascimento o mais feliz da vida deles.

Foi uma criança feliz que alimentou desde cedo o desejo de ser piloto de avião. Aos oito anos de idade, escreveu uma carta para Deus onde contava seus sonhos enquanto fazia a sua parte canalizando todos os seus esforços em direção a eles.

Aos 16 anos foi passar um ano nos Estados Unidos e lá cursou o terceiro ano do ensino médio. Voltou de lá mais maduro, mais forte e mais convicto da profissão que almejava. Sempre muito dedicado, logo começou o curso para a formação de piloto e não parou mais.

Aos 18 anos, começou a fazer o curso preparatório na cidade de Campo Grande em Mato Grosso do Sul. De lá mudou-se para Bragança Paulista onde continuou os estudos e, muito aplicado, a eles entregou-se integralmente. Nunca perdeu uma prova e, antes mesmo de completar 20 anos, já estava formado e trabalhando.

Sua profissão o levou a constantes mudanças de cidade. Morou em Jundiaí, São Paulo, depois em Macaúbas, interior da Bahia e, sempre em busca de melhorar sua carreira na aviação, voltou para Jundiaí. De lá foi para Fortaleza no Ceará, onde permaneceu por quatro anos.

Muito responsável, ele se tornou querido e respeitado entre os colegas pilotos em todos os lugares por onde passou. Estava voando baseado em Fortaleza quando surgiu um emprego em São Paulo que representou um verdadeiro salto na carreira na aviação executiva. Convidou a namorada para seguir com ele e, em dezembro de 2020, assinaram um contrato de união estável e rumaram em busca dos sonhos de todo casal como comprar um apartamento, ter filhos e viajar.

Durante a pandemia, Joaquim trabalhou como piloto na linha de frente da Covid-19. Passou quarenta dias em Carajás, no Pará, fazendo voos aeromédicos que transportavam pacientes contaminadas pelo vírus. Nesse trabalho, que se constituiu em uma verdadeira missão, ajudou a salvar muitas vidas.

Seus pais que residiam na Bahia trabalharam e investiram muito nos sonhos de Joaquim. Para eles, perder o filho tão jovem e num piscar de olhos por um conjunto de circunstâncias sobre as quais não puderam ter controle, significou perderem também todos aqueles sonhos que ele não teve tempo de vida suficiente para concretizar.

Os que Joaquim realizou, porém, assim como toda sua vida, são reflexos de quem ele foi: um jovem piloto, filho único e marido exemplar, amigo da natureza e dos animais; um ser iluminado.

Era, e seguirá sendo, o maior tesouro dos pais, como traduz a mãe Dione: “Joaquim, nosso Quinzinho, sempre foi luz por onde passou, deixou muitos amigos e o país que ele tanto amava. Nosso amor será eterno, pois quando o amor é verdadeiro, nem a morte rompe esses laços”.

Joaquim nasceu em Campo Grande (MS) e faleceu em São Paulo (SP), aos 29 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela mãe de Joaquim, Dione Michels Sá de Souza . Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Walker de Barros Dantas Paniágua e moderado por Rayane Urani em 16 de setembro de 2021.