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Jorge Rogerio Pequin

1972 - 2021

Foi o professor que ilustrava as aulas com filmes e estimulava a criticidade de seus alunos.

Jorge foi o filho caçula e um irmão querido. Foi também o companheiro, o camarada da luta social. Quanto à personalidade, foi um amigo cativante, conhecido por ser boa-praça, tranquilo e brincalhão.

Cientista social desde 2008, amava ser professor e exercia essa profissão de maneira formidável e apaixonada, movido por seu espírito de criticidade e cidadania. Acreditava em um mundo mais justo e solidário, por isso sempre esteve à frente da defesa da educação pública e dos direitos humanos. Lecionou Sociologia na Escola Técnica Estadual de Vila Formosa, na Escola Estadual Oswaldo Catalano, na Escola Estadual Professor João Dias da Silveira e em outras escolas da Região Leste de São Paulo. Muito trabalhador, tinha uma rotina intensa de atividades envolvendo a sala de aula.

Sempre foi apaixonado por filmes. Participou do Grupo de Estudos de Cinema Pele-Película na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e foi dali que vieram muitas inspirações para suas aulas. Jorge era o professor que sempre reunia os alunos para que aproveitassem lanches e filmes juntos, criando um ambiente descontraído e alegre para ensinar e aprender. Com um coração de menino - e provavelmente por isso -, era fácil para ele tornar-se próximo de seus estudantes. E a proximidade ia além: Jorge era capaz de desenvolver em seus alunos aquele mesmo espírito de criticidade e cidadania que o motivava em sua própria atuação como educador.

Jorge foi, de fato, um militante por condições de vida mais justas e humanas. Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), era reconhecido por seu empenho em ajudar seus companheiros. Tão grande era seu desejo de mudança que, em 2020, candidatou-se a vereador na cidade de São Paulo. Suas propostas políticas eram pautadas pela esperança de uma sociedade mais igualitária.

Hoje, as vozes de seus colegas ecoam "Companheiro Jorge, presente sempre!" e "Professor Jorge, presente!", simbolizando o propósito de transformar o luto em luta, para que os princípios de Jorge permaneçam vivos.

Jorge nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 49 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo amigo de Jorge, Marcos Vinicius de Andrade Steidle. Este tributo foi apurado por Daniel Ventura Damaceno, editado por Ana Helena Alves Franco, revisado por Débora Spanamberg Wink e moderado por Rayane Urani em 15 de agosto de 2021.