Julio da Cunha Venâncio

1982 - 2020

Adorava dizer se gabando: "Sou um cavalo sempre forte!"

Júlio morava sozinho, mas ia à família quando precisava. Trabalhava como motorista. Tinha uma filha, Gabriely, de 9 anos, que morava com a mãe.

Ele gostava muito de ajudar as pessoas, mas mantinha uma certa distância com os familiares. Costumava ir sempre na casa da mãe e das irmãs, mas ficava no quintal.

Gostava mesmo de um bom churrasco com pagode.

"A verdade é que meu irmão era um Shrek, mas no fundo carinhoso do jeito dele", conta sua irmã Adriana.

"Meu irmão era muito turrão! Mas tinha um bom coração", conta a irmã Viviane.

Não tinha medo, dizia ser blindado.

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Jovem, forte e com muito gosto pela vida, Júlio não deixava nada pra depois. Seguia o lema "olho por olho, dente por dente".

A amiga Vanessa conta que entre todos os irmãos e amigos que já teve ao longo de sua caminhada, Julio foi o mais carinhoso. "Ele sempre teve muita atenção, cuidado e amor nos pequenos detalhes. Desde o bom dia até o boa noite, nunca passou um dia sem falar comigo."

Durante a pandemia de Covid-19, Vanessa andava muito preocupada, mas Júlio vivia como se nada o atingisse. Ele se achava um ser inabalável e, com isso, os dois amigos quase não se viam.

"Meu grande amor e amigo, com quem idealizava viver lado a lado. Adiamos tanto e, no fim, os planos de cuidarmos um do outro foram interrompidos", lamenta Vanessa, e continua: "Jamais imaginei envelhecer sem os conselhos, a proteção e os cuidados inigualáveis dessa pessoa tão importante na minha vida".

Era o amigo quem sabia todas as suas tristezas e frustrações, mas nunca a deixava desistir ou desanimar, encontrava sempre alguma forma de encorajá-la. Principalmente em seu momento mais doído, quando perdeu a filha, foi Júlio que a incentivou a fazer da dor uma superação.

Vanessa despede-se emocionada e firme em sua crença: "Sei que o que Deus nos dá é porque podemos aguentar. Júlio, meu ogrinho, vou te amar eternamente".