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Lane Fagundes de Souza

1950 - 2021

Gostava de costurar tecidos e histórias, amava poesias, a cor azul e possuía uma fé inabalável.

Lane era uma mulher vaidosa ao extremo, que não dispensava seu batom nem quando saía só para comprar pão.

Esposa, mãe e avó amorosa, amava a cor azul, o céu, a lua, a vida, e deixou um legado de fé que se traduzia na crença que ela tinha, na força da oração quando dizia: “Filha, joelho no chão nunca é em vão!". Religiosa, amava ir à igreja e ler a Bíblia. Tinha muitos amigos e era muito amada, mas o preferido e mais amado era Jesus.

Lane era uma mistura de carinho e teimosia e dizia com frequência algumas frases que eram sua exclusividade e só se tornavam engraçadas porque saíam de sua boca, e a filha Valquíria relembra algumas, cheia de saudades: “Ah! Não diga coração de urtiga", “Ah... meu sapato furado sem sola ... sem salto", “Vá caçar sapo", “Tirem uma Foto. Estou olhando para o horizonte...”

Em suas horas vagas, amava estar em qualquer lugar que tivesse palmeiras, fosse o parque Barigui, de sua cidade ou numa praia qualquer. Gostava, também, de costurar e tomar seu chimarrão com tranquilidade.

Das muitas lembranças que tem da mãe, uma que Valquíria jamais se esquecerá é o último encontro que tiveram e que ela relata, plena de saudades e detalhadamente:

“Ela me disse: Leve seu presente de Natal e suas costuras, filha.
E eu disse: Mas o Natal está longe, mãe.
Ela já com COVID me disse: É melhor você levar.
Eu olhei pra ela, oramos juntas e nunca mais a vi, mas se preocupou em me entregar meu presente".

Lane nasceu em Curitiba (PR) e faleceu em Curitiba (PR), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Lane, Valquiria Pedroso Figueiredo. Este tributo foi apurado por Ana Helena Alves Franco, editado por Vera Dias, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Ana Macarini em 13 de agosto de 2023.