Luiz Campos Cardoso

1962 - 2021

Regava as árvores frutíferas de seu sítio uma a uma, com muito amor.

Gonzaga, como era mais conhecido, nasceu no Rio Grande do Norte em uma cidade a 50km da capital. Lá, passou sua adolescência ajudando seu pai e seu avô no roçado e, anos depois, toda a família mudou-se para Natal em busca de uma vida melhor.

Na capital, começou trabalhando como jardineiro em uma fábrica e, posteriormente, foi trabalhar numa empresa de ônibus onde começou como auxiliar de mecânico, apaixonou-se pela profissão e acabou exercendo durante quase quarenta anos com maestria.

Alguns anos depois, transferiu-se para outra empresa de ônibus onde, sentindo-se pronto para o casamento, uniu-se a Odaci, que todo mundo conhecia por Aldinha. Desta união, nasceram os filhos Karcio, Kelison e Cleber que foram criados com muito amor e sacrifício.

Permaneceu nessa empresa trabalhando com excelência e muito amor até se aposentar aos 55 anos e, de tão reservado que era, apesar da experiência e respeito conquistado dos superiores graças ao seu vasto conhecimento, nunca almejou cargos acima do seu, nem mesmo o de encarregado.

Ele era calmo, simples e a humildade era sua marca registrada. Falava de forma mansa e suave, sua calmaria chamava a atenção de todos. Dono de uma paciência sem igual, ninguém conseguia tirá-lo do sério. No serviço, muitos colegas o chamavam de professor, devido a sua boa vontade e gosto em repassar o que sabia.

O seu momento de vida estava sendo o de colher o que plantou. Dez anos depois de se aposentar, ele comprou, com um dos seus irmãos, uma propriedade rural na sua cidade natal. A princípio, ali passava somente os fins de semana, mas, depois, permanecia a maior parte do tempo se deleitando nos cuidados com as árvores frutíferas, juntamente com Aldinha. Só iam a Natal para cuidar das netinhas enquanto seu filho Karcio e sua nora Adalliane saíam para trabalhar e, nessas ocasiões, brincava com elas como se fosse um menino.

Gonzaga curtia muito sua esposa, filhos e netos. Dedicava-se com paixão à sua família e chegava a dizer que possuía três princesas: a esposa Aldinha e as netinhas Lara e Luna.

Podia-se dizer que ele estava no ápice de sua vida. Filhos criados, aposentado e junto com sua amada no lugar onde mais amava, o sítio que sonhava ampliar. Ele já estava até se organizando para comprar algumas vacas, ovelhas e galinhas, para as quais já destinara, em casa, um galinheiro improvisado que representava o ensaio para um outro maior quando se mudasse definitivamente para aquele local.

Gonzaga deixou muitas saudades e um legado sem igual para amigos e familiares que agora vivem à espera do dia em que todos poderão se reencontrar no céu.