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Manoel Durães

1955 - 2020

De vendedor de amendoim a bem-sucedido empresário paulistano, era sinônimo de garra e determinação.

Manoel, ou Mané para os mais íntimos, foi um homem bastante ativo.
Nascido em uma família de poucos recursos financeiros, aos nove anos já vendia amendoins nos trens da zona leste de São Paulo, a fim de ajudar a mãe na criação dos outros seis irmãos.

Teve a determinação de bancar os próprios estudos, tornar-se um homem digno e ser um pilar sólido para a família. Estudou eletrônica, cursou a faculdade de administração de empresas, casou-se aos 21 anos e trabalhou em grandes empresas por duas décadas. Até que abriu seu próprio negócio, uma prestadora de serviços de manutenção de equipamentos de refrigeração, que se expandiu rapidamente.

Andréia, a filha mais velha, conta que o pai, além de ser um empresário dedicado, era um ser humano alegre, sorridente, generoso, sempre pronto a ajudar a família, os amigos e os funcionários. “As pessoas sempre lembram de algo de bom que receberam dele; todos falam dele como uma pessoa especial”, nos relata.

Ele e a esposa Zilda completaram 43 anos de casados, quando Manoel já estava internado no hospital. Tiveram quatro filhos: Andreia, Anderson, Albert e Arnon. E quatro netos: Isabella, Jonas, Manoel Cristiano e Albert Filho.

Foi uma vida de muito trabalho e conquistas, premiada pelos bons momentos. Juntos, gostavam de estar na praia, em Bertioga, e iam bastante à Goiás, também. Mané gostava muito de pescar. Por isso, e pensando num futuro onde pudesse descansar em meio à natureza, construiu uma casa em Caldas Novas, perto de sua mãe, d. Senhorinha, de 90 anos.

Parecia estar de bem com a vida, realizado. Gostava de comer bem, frequentar festas, estar com a família e fazer viagens a fim de conhecer novos lugares. “Onde sentava, tirava um cochilo; até roncava”, lembra Andréia, com bom-humor.

A filha menciona com saudade duas das viagens que fizeram juntos: uma a Orlando, em 2018, quando se divertiram muito e em que Manoel parecia uma criança, indo a praticamente a todas as montanhas-russas; outra no seu último Carnaval, quando viveram momentos inesquecíveis na costa sul do Caribe.

Manoel deixa para os filhos o legado de um guerreiro que batalhou pelos seus ideais. "Ele nos deu seu exemplo e nos dizia que 'nada cai no colo de graça'. O melhor que podia oferecer aos filhos era o estudo, a bagagem para podermos ir atrás dos nossos sonhos", conclui Andréia.

Manoel nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Manoel, Andréia. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Bettina Turner, revisado por Cristina Magalhães e moderado por Rayane Urani em 11 de junho de 2020.