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Maria da Silva Campos

1953 - 2020

Diariamente ia à escola realizar o sonho de aprender a ler e, assim, incentivava também os sonhos dos netos.

"Uma vó muito carinhosa que às vezes tirava de onde não tinha para nos dar. Engraçada, sempre nos fazia rir com o seu jeito. Era bondosa com todos", assim Giovanna inicia sua homenagem com as lembranças mais ternas da avó.

Dona Maria gostava muito de cozinhar e de reunir todos em casa. Era o elo da grande família. Então, os domingos na casa dela eram "dia de macarrão e bolo de cenoura com chocolate".

Diariamente ia para a escola, a fim de realizar o sonho de aprender a ler e escrever. Sempre foi grande incentivadora dos estudos e anseios dos netos. "Lembro-me da sua alegria ao aprender a escrever o próprio nome. O sonho dela era ver um neto se formar, e esse, eu realizei!", conta, orgulhosa, a neta.

Cuidadosa com seus animais de estimação, a última coisa que disse para Giovanna foi para cuidar dos seus passarinhos, um dia antes de ser entubada.

"Sou neta e enfermeira, levei-a ao hospital onde trabalho e acompanhei tudo de perto. Foi muito difícil. Apesar de ter lutado por dias, não resistiu. Mas ela sempre teve muito orgulho de mim, e isso me dá forças para continuar indo aos meus plantões todos os dias para cuidar do próximo, assim como cuidaram dela", conta Giovanna.

Dona Maria sempre foi bastante chorona. Qualquer demonstração de carinho fazia com que ela chorasse de emoção. Toda a família agora se emociona ao relembrar momentos vividos ao lado de uma mulher tão doce quanto seus deliciosos bolos de cenoura com cobertura de chocolate. Vá em paz, Maria!

Maria nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Maria, Giovanna Marques Caldeira Campos. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 17 de dezembro de 2020.