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Maria das Graças Leonardo

1952 - 2021

Oferecia conselhos certeiros e ponderados a suas colegas, com os lábios sempre pintados de batom.

Trabalhou por mais de vinte anos em uma vidraria e atuava como embaladeira. Ela exercia sua tarefa com animação e estava sempre disposta a ajudar e aconselhar seus colegas - com calma e paciência. Os conselhos envolviam em geral assuntos da empresa; mas, se alguém pedisse ajuda na área amorosa, por exemplo, ela logo se prontificava a conversar sobre o assunto.

Dona Graça era, além disso, muito dinâmica no ambiente de trabalho: mesmo depois de aposentada não queria saber de ficar em casa. "Eu tenho metade da idade dela e, às vezes, eu não tinha condições de trabalhar os seis dias na máquina e ela trabalhava, e eu nunca vi ela reclamando de dor no corpo, que sentia alguma dor, que ela não estava bem saúde" diz Rosana, colega de trabalho de dona Graça.

O seu jeito de ser encantou as funcionárias do Grupo G da vidraria. Dona Graça ligava para suas colegas sempre que podia e, nos dias de folga, gostavam de se reunir na casa de uma delas para aproveitarem o tempo juntas - ela estava sempre presente.

Dona Graça, como era chamada, estava sempre com um sorriso no rosto, carinho no coração e tinha uma tranquilidade incomparável. Foi uma senhora de bem com a vida: todos os dias eram importantes para ela, e deveriam ser vividos com alegria e dedicação. Ela também gostava muito de se arrumar, e o presente ideal para dona Graça era batom - não saía de casa sem.

Dona Graça foi luz por onde passou e deixou saudades no coração de todos.

Maria nasceu em Minas Gerais (MG) e faleceu em São Paulo (SP), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela amiga de Maria, Rosana Lima. Este tributo foi apurado por Mariana Ferraz, editado por Mariana Ferraz, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 9 de dezembro de 2021.