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Maria de Nazaré Sampaio Pereira

1967 - 2021

Como mãe ensinou aos filhos a se manterem erguidos e sempre seguirem em frente.

Maria foi mãe solo de três meninas e dois meninos. Teve, ainda uma neta, que foi para ela um verdadeiro presente de aniversário, já que a menina nasceu no mesmo dia da avó. E ainda havia uma gatinha, sua grande companheira.

Destacava-se por ter uma energia inesgotável. “De outro mundo”, como descrevem os filhos. Maria dificilmente se cansava. Estava sempre animada para um passeio, uma viagem, um dia na praia, uma peça de teatro, um cinema ou mesmo um museu. Também gostava muito de dançar. Não perdia uma live do DJ Alok. Se houvesse uma passeata a favor dos direitos humanos, lá estava Maria, incansável. Muito ativa e falante, emprestava sua voz à luta por direitos.

A paixão pelos trabalhos sociais levou-a a se formar em Serviço Social. Estudiosa, nunca saía de casa sem um livro a tiracolo. Lia de tudo: a Bíblia Sagrada, livros de ficção científica, romances e autoajuda. Tinha prazer na leitura e no conhecimento. Seu grande desejo era ver os filhos formados. Orgulhava-se de ver as meninas já graduadas e os meninos muito bem encaminhados, todos cursando a educação superior. Também sua neta lhe deu muita alegria, pois já estava cursando uma faculdade.

Sempre foi atuante nas atividades da igreja em prol dos serviços sociais. Os amigos que lá fez uniram-se em uma corrente de oração pela sua recuperação na ocasião de seu adoecimento. Maria é lembrada por eles com muito carinho e admiração. Seu trabalho, baseado em sua fé e no amor a Deus, sempre pensando no bem estar do outro, deixou um legado que se estenderá por muitas gerações. Era, também, muito habilidosa. Além de uma caligrafia linda, tinha talento para o artesanato e para a jardinagem. Sempre que podia, distribuía mudas de suas plantas aos amigos.

Policial Civil da ativa dedicada ao seu trabalho, Maria era muito respeitada por todos os colegas, desde os chefes até o pessoal de apoio. Era conhecida por suas atitudes nobres, sempre querendo ajudar as pessoas. Após sua partida, as viaturas da polícia desfilaram em carreata em homenagem à querida colega.

Como mãe, nunca foi do tipo melosa, de passar a mão na cabeça dos filhos. Seu estilo era mais “Dona Hermínia”, como descreve a filha Jéssica, mas sempre querendo o melhor para os filhos. Deu a cada um tudo que podia, o justo e o necessário para que eles seguissem em frente, sem sua presença física, mas com seu legado de alegria e sua certeza de que “a vida continua”. Ensinou a todos a viver todo dia como se fosse o último. Hoje, cheios de saudade, cada um leva em si um pouco de Maria.

Maria nasceu em Macapá (AP) e faleceu em Macapá (AP), aos 53 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Maria, Jéssica Karolene Sampaio Cardoso. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Marília Ohlson, revisado por Walker de Barros Dantas Paniágua e moderado por Rayane Urani em 12 de setembro de 2021.