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Milton Célio Vieira

1942 - 2021

Com as mãos, deu vida e forma a obras que traduziam seu amor pela arte e pela natureza.

Também conhecido como Milton Pavão, Milton Célio foi professor, diretor de escola e escultor.

Ministrava aulas de técnicas industriais e, em sua oficina, ensinava a moldar o barro, cortar garrafas e fabricar vasos, fazer bilboquê, e jatear vidros. “Era um professor muito querido por seus alunos”, afirma a filha Daniela.

Como escultor, deixou um grande legado em sua terra natal, Carmo do Paranaíba, colorindo e embelezando a cidade com suas esculturas e seus painéis de azulejo. A filha diz que o pai retratou a chegada dos tropeiros à cidade e a via sacra de Jesus com painéis pintados em azulejos que foram colocados em uma estrada onde acontece uma romaria todo ano.

Suas últimas esculturas, segundo Daniela, foram São Francisco de Assis e a imagem de Nossa Senhora da Aparecida colocada na rodovia que liga Carmo do Paranaíba a Patos de Minas, local de peregrinação atualmente.

Devido ao trabalho, a filha relata que o pai andava pela cidade sempre com as roupas sujas de tinta e barro, mas sempre com um sorriso no rosto. “Meu pai era um homem muito simples, não tinha apego a bens materiais. Mas era extremamente inteligente, amava os livros e era muito querido por todos da cidade”, ela se orgulha.

Daniela lembra que o pai adorava chuchu, bacalhau, macarrão e uma cachacinha antes do almoço que, segundo ele, era “para abrir o apetite”.

Esse artista que deu vida ao barro, esse professor de coração gigante, esse pai amoroso deixa um vazio e muita saudade nos corações dos que o amaram. Por outro lado, também deixa ensinamentos que moldam e transformam, lembranças que libertam e encorajam, um patrimônio artístico-cultural que enaltece Carmo do Paranaíba, inspira peregrinos e preserva a história e a memória de um povo.

Milton nasceu em Carmo do Paranaíba (MG) e faleceu em Belo Horizonte (MG), aos 78 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Milton, Daniela Cristina Nunes Vieira Rozzeto. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Denise Stefanoni, revisado por Paula Ledo dos Santos e moderado por Rayane Urani em 19 de maio de 2021.