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Odilon de Souza Neto

1960 - 2020

Com suas imitações e brincadeiras, transmitia alegria e provocava risos e sorrisos.

Falar de Odilon é falar de uma pessoa que transbordava felicidade e de um ser muito engraçado que sempre conseguia tirar das outras pessoas um lindo sorriso. Isso mostrava o quanto era divertido e o quanto fazia bem para os outros.

Dois episódios marcaram seu filho Rodrigo em 2012, e ele recorda com muito amor que viu seu pai chorar por duas vezes na vida: a primeira foi em seu casamento e, a segunda, foi logo em seguida, quando assistiu ao vídeo da cerimônia e novamente se emocionou e chorou. Sem sombra de dúvida, Odilon era uma pessoa de coração muito grande e muito sentimental. Não gostava de demonstrar seu lado mais emotivo, mas o amor pelos filhos era tão grande que “pulsava em suas veias” e, a cada gesto, demonstrava que os filhos eram seu maior bem; a cada conquista deles, comemorava e vibrava muito. Ele vibrava com tudo: com o primeiro emprego, com o ingresso na faculdade... A cada vitória lá estava o fã de carteirinha dos filhos. Isso era muito gratificante.

Virtuoso, muito batalhador e com grandes propósitos para a sua aposentadoria recém-alcançada, planejava usufruir do lazer, reduzir as horas de trabalho e fazer uma viagem de pesca no Pantanal. A viagem já estava marcada, mas os planos de Odilon partiram como faíscas, pois os planos celestiais eram outros.

Outro fato extremamente importante e precioso para ele era ver todos os filhos bem e encaminhados na vida.

Era taxista e trabalhou com prazer, dedicando-se ao emprego e às conversas com os passageiros, onde construía novas amizades. Gostava de fazer amigos e cultivá-los tanto quanto de comida japonesa ─ uma de suas paixões. O filho conta ainda que o pai apreciava comida japonesa e que uma certa vez, fizeram temakis em casa e que o pai comeu seis e guardou o restante para comer no dia seguinte, "Isso foi um sinal de que, para ele, os temakis ficaram muito bons", relembra, carinhosamente, Rodrigo.

Ele também gostava de assistir ao Animal Planet, da Discovery Channel, tinha costume de assistir aos documentários sobre a vida dos animais e às lutas de MMA. Esse era Odilon, uma pessoa que deixou boas lembranças a todos que tiveram o prazer de conhecer e conviver com ele. Ao estar ao seu lado, tudo se transformava em alegria e diversão. Odilon sabia apreciar a vida e aproveitar o que ela lhe oferecia.

Outro episódio que Rodrigo se recorda ao falar da dedicação e do comportamento do pai é que “um certo dia, minha mãe viajou e meu pai estava com um grande desejo de saborear um frango. Ele então se dirigiu ao mercado, comprou um frango inteiro congelado e nem ele, nem os filhos sabiam como cortar a ave. Essa situação engraçada permaneceu por duas horas e rendeu lindas e inesquecíveis risadas. Foi um momento de muita diversão.”

Odilon era “workaholic”, ocupava 12 horas do seu dia com o trabalho e vivia cercado de amigos, tanto os amigos passageiros como também os amigos de profissão. Ele era muito carismático e exalava vida por onde passava.

“Estávamos muito próximos, fazíamos várias coisas juntos: desde nos deliciarmos com os salgados de festa que ele amava, as comidas japonesas, o ritual de lavar o carro e ficarmos o sábado inteiro jogando conversa fora", relembra Rodrigo com saudade.

Odilon gostaria de ser lembrado pela pessoa carinhosa e alegre que foi e, assim será lembrado.

Odilon nasceu em Simão Dias (SE) e faleceu em São Paulo (SP), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de Odilon, Rodrigo Soares de Souza. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Thalita Ferreira Campos, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 14 de dezembro de 2020.