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Pedro Fortes da Silva Filho

1952 - 2020

Trazia a força no sobrenome e carregava no peito um coração generoso e sonhador.

Nascido da família Fortes, Pedrinho herdou do nome a sina de ser um guerreiro. Lutou durante toda a vida e venceu várias batalhas que moldaram seu caráter e definiram seu jeito de ser. Ficou conhecido como uma pessoa rígida, mantendo uma postura muito correta e até um tanto quanto sistemática.

O coração pulsava mais suavemente do que pode parecer, porém. Rodrigo, carinhosamente apelidado de "nêgo" pelo pai, conta que Pedro era generoso e "muito amigo de quem ele conhecia". Com a família, "era uma pessoa boa e adorava os filhos e os netos". Foi casado com Laura a quem amou mesmo depois da separação e foi pai também de Rosana e Rosany a quem chamava de "as gêmeas" ou "as nenê".

Pedrinho era devoto de Nossa Senhora Aparecida e, sempre que visitava o Santuário, usava uma cadeira de rodas por ter dificuldades para andar. Fazia questão de sentar e cruzar as pernas e os filhos lembram que a postura do pai arrancava comentários divertidos de outras pessoas e rendiam boas risadas para todos. "Nossa, como o senhor é chique de cadeira de rodas e pernas cruzadas!", diziam.

Para criar sua a família, Pedro trabalhou como taxista e auxiliar de trânsito. Para aproveitar as horas livres, gostava de pescar e, sonhador como era, cultivava o hábito de jogar na loteria na esperança de ganhar um prêmio e poder comprar uma fazenda com gados. A fazenda não veio, mas Pedrinho sempre soube que tirou a sorte grande. Já na UTI, demonstrava todo seu orgulho como pai, ao contar para os médicos sobre seus amados filhos.

Pedro nasceu em Campos do Jordão (SP) e faleceu em Taubaté (SP), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo filho de Pedro, Rodrigo Fortes da Silva. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Reis, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 30 de outubro de 2020.