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Rodrigo Augusto Cardoso

1981 - 2020

Era sempre solícito com quem precisasse e fazia todos rirem. Cantava e encantava todos ao seu redor.

Rodrigo estava sempre apto a ajudar quem precisasse de sua ajuda. Foi assim desde criança. “Quando era pequeno, pedia para eu contar histórias do livro Caminho Suave, principalmente a da barata”, conta a irmã Silvia que relembra ainda que ele, que era gêmeo de Rogério, pedia para que ela os levasse à escola. Iam de bicicleta, cantando músicas infantis. A criança que tanto cantava e encantava, tornou-se um adulto cantor junto com Silvia, sua parceira musical desde cedo. Foram inúmeros casamentos musicados pelos irmãos Cardoso. Rodrigo também gostava de se vestir bem, principalmente seu terno.

Casado, não teve filhos, mas foi um excelente tio para seus cinco sobrinhos. “Por tanto amá-lo, coloquei em meu primogênito o nome de Augusto. Amo os outros três irmãos, mas ele era especial”, conta Silva. Rodrigo ajudava a esposa na limpeza da casa e também adorava ir aos supermercados ─ a ida já começava bem antes de chegar aos estabelecimentos, fazendo a comparação dos preços.

Trabalhava como assessor de vereador em Indaiatuba, onde morava com a família; queria ser promotor, cursava o segundo ano da faculdade de Direito. Rodrigo deixou várias lembranças em seu local de trabalho. “Na Câmara Municipal, o pessoal contou que ele era o primeiro a chegar e o último a sair. Fazia todos rirem. Nunca o viram chorando e nem reclamando de nada. Uma amiga dele contou que quando o pai dela estava internado, Rodrigo, por ser homem, se ofereceu para pernoitar algumas noites com ele no hospital. Sempre foi solícito com todos”, conta Silvia.

Sua irmã Simone diz como era o dia a dia do irmão: “Na faculdade, brincava com colegas de sala e até professores. Na igreja, beijava velhos, jovens e crianças. Em casa, era o irmão mais agitado, mais falante, mais peralta. Gostava de fazer piadas, caras e bocas; brincava com mãe, irmãos e sobrinhos. Raramente estava calado, a voz dele ecoava pela casa inteira desde o amanhecer até o anoitecer”.

Extremamente organizado, em uma viagem de final de ano com a esposa, a irmã e os sobrinhos, ele deixou de ir a um compromisso para fazer uma faxina no apartamento, tamanha era sua mania de limpeza. “Rodrigo chegou no apartamento e, sempre ativo, fez uma observação minuciosa nos cômodos. Fato engraçado nisso é que ele passou a virada de ano feliz. Feliz? Sim, porque o local onde ele estava, se estivesse limpo, já era o suficiente para deixá-lo bem e satisfeito”, relembra, aos risos, Simone.

Rodrigo sempre estava sorrindo apesar de certas dificuldades, mas sempre cantando e encantando quem estava por perto. “Deixou o encanto da sua bela voz em muitos casamentos. Deixou-nos um grande exemplo de sorrisos e bondade. Sempre falando a todos da família que os amava. Agora, Rodrigo está cantando em outro lugar”, finaliza Silvia.

Rodrigo Augusto Cardoso agora será nome de rua na cidade que escolheu para viver, Indaiatuba. O projeto de lei foi lido e aprovado em uma sessão da Câmara Municipal de Indaiatuba.

Rodrigo nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Sorocaba (SP), aos 39 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã de Rodrigo, Silvia Augusta Cardoso. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 4 de dezembro de 2020.