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Roza Menezes do Amaral

1927 - 2020

Gostava de servir café com beiju para acolher todos que chegavam em sua casa.

Era conhecida como Roza do Deoclécio, em referência ao marido com quem esteve por trinta e um anos. Mas também era a Roza que fazia bolos e que adorava conversar ao celular com as filhas e as comadres.

Por muito tempo, apostou em suas habilidades culinárias e fez sucesso vendendo doce de buriti e petinhas de goma para toda região. Eram suas filhas que, com latas nas cabeças, saiam deixando as delícias de porta em porta. Da cozinha de Roza também saía o café com beiju, que era sempre oferecido a quem chegasse à sua casa.

Roza era uma mulher acolhedora e revelava isso até em sua forma de sorrir. Cyntia conta que a avó era "muito amorosa, meiga e educada". Não tinha o costume de distribuir beijos aos netos; cativava a todos com seu sorriso e seu olhar.

No Dia das Mães, recebia a família em casa para encontros que ficaram marcados na memória da neta Cyntia, que também guarda com carinho as recordações dos Natais em que a avó foi visitá-la.

Quando não estava com os netos ou bisnetos, Roza gostava de telefonar para as filhas ― foi mãe de quatorze, treze de sangue e uma do coração. Também gostava de ligar para as suas comadres, especialmente para saber novidades da amada Brasileira, sua cidade natal. Da mesma forma, Roza gostava de compartilhar acontecimentos e chamava para conversa dizendo: "Uhum, menina... vem cá!".

Cyntia conta que a avó era uma mulher forte e, ao mesmo tempo, amável. Era como uma linda "rosa sem espinhos" e será lembrada assim, com muito carinho, por sua família e suas queridas comadres.

Roza nasceu em Brasileira (PI) e faleceu em Teresina (PI), aos 92 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Roza, Cyntia Meneses. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Reis, revisado por Lícia Zanol e moderado por Rayane Urani em 21 de março de 2021.