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Samuel Moraes de Jesus

1987 - 2021

Pilotava motos com destreza; as máquinas eram seus brinquedos.

Samuel trabalhava como operador de máquinas pesadas. Sua esposa, Maicsan, conta que a habilidade do marido era tanta que os colegas o chamavam de Operador Master. “Eles diziam que ele não operava, que ele se 'amostrava'".

Além de trabalhador, responsável e extremamente organizado, Samuel também tinha um lado alegre: “Ele era chato, muito chato de tão organizado, mas era brincalhão e um filho, amigo, irmão, pai e marido maravilhoso. Éramos aquele casal raiz, estávamos sempre grudados”, diz Maicsan, afirmando que o esposo odiava machismo e que na casa deles os direitos sempre foram iguais.

Samuel cuidava dos pais e era um irmão presente. A esposa ressalta que ele era também um pai coruja e dedicado: “Era um pai protetor, daqueles que levava para a consulta e para tomar vacina. Nunca passou uma folga longe de mim e do nosso filho. Amava fazer churrasco em família e viajar para a casa dos meus pais na praia”.

A esposa relata ainda que Samuel adorava tatuagens, era extremamente vaidoso e muito bonito: “Ele tinha um furinho no queixo e os olhos pequenos. Os cabelos negros como a noite e a boca carnuda. Suas sobrancelhas eram cheias e o nariz afiladinho”.

Dono de uma voz grossa, mas de fala mansa, espalhava calma e alegria: “Menino de sorriso fácil, o grande amor da minha vida era uma pessoa gentil e bondosa”, afirma Maicsan, cheia de saudade. Ela conclui dizendo que a tristeza decorrente da partida precoce de Samuel, infelizmente, não é apenas dela: “O mundo perdeu um ser humano incrível”.

Samuel nasceu em Simões Filho (BA) e faleceu em Salvador (BA), aos 33 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Samuel, Maicsan Moraes Lima Veloso. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Renata Meffe, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 3 de novembro de 2021.