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Thiago Santos Gomes

1989 - 2020

Um jovem que conversou com a morte, desde o momento em que nasceu.

Foi um sobrevivente de desafios, que por duas vezes quase foram fatais. Transitou pelos limiares do morrer e do viver com intensidade e, talvez isso, tenha colaborado para moldar sua maneira alegre e irreverente de ser.

Ao nascer, tinha problemas congênitos no fígado. Sua mãe, Jucy Maria Santos, fez rezas e promessas pela saúde do filho. Aos poucos, ele foi melhorando. Quando tinha seis anos, foi vítima de uma bala perdida, que lhe atingiu o abdômen e o fez passar por cinco cirurgias delicadas, às quais sobreviveu quase que por milagre. A partir daí, a vida prevaleceu e sua saúde se estabilizou.

Era o mais bagunceiro da família, tinha piada para tudo. Seus cinco irmãos — Walquíria, Valdênio, Juciene, William e Guilherme — guardam-no na memória como alguém feliz, que confiava muito nos planos de Deus. “Pura alegria no tempo em que esteve aqui”, conta sua irmã Jucieni. Estava casado há 5 anos, com Cláudia, seu grande amor, com quem sonhava ter um filho.

Trabalhou como técnico de informática, adorava jogar videogames e seu passatempo predileto era ficar na oficina dos seus irmãos, William e Guilherme, conversando e fazendo palhaçadas. A marca registrada de Thiago era dizer sempre em voz bem alta, quase gritando: “Tchau, obrigado!”, quando se despedia das pessoas. Não falava mal de ninguém, se entendia bem com todo mundo.

Homem de fé inabalável, frequentava a igreja evangélica assiduamente, tornando-se líder de célula e admirado pelos adolescentes. Sua amiga Yasmim diz que: “ele tornava-se amigo de todos, procurando ajudar e dar conselhos a quem pedia, sempre com bom humor”. Otimista até o último momento, suas palavras finais foram: “Eu tô bem”. Será sempre lembrado, com um sorriso no rosto, por quem conviveu com ele.

Thiago nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 30 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã e amiga de Thiago, Juciene e Yasmim. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Bettina Turner, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 4 de julho de 2020.