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Valto Batista Pereira

1959 - 2020

Apreciava tomar e servir capuccino; fosse inverno ou verão, ele oferecia e servia a bebida para todos em sua casa.

Valto levava a vida com leveza. Prova disso foi o que aconteceu em seu casamento com dona Edna. “Minha mãe conta que ele casou bêbado e, depois de lúcido, disse que casaria novamente”, relata a filha, Nivia.

Nascido em Onça do Pitangui, em Minas Gerais, teve seis irmãos e passou a infância morando com os seus pais. Desde pequeno, levou uma vida mais voltada ao trabalho do que aos estudos porque precisava ajudar a manter a casa.

Mudaram-se para Contagem, no mesmo estado, onde formou a sua família ao lado de dona Edna, sua esposa, de quem ele tinha também muito ciúme. Teve três filhos: Raphael, Gabriel e Nivia, que defendia com unhas e dentes.

Fazia-se presente na vida dos filhos e a cada um deles demonstrava seu carinho de alguma forma, como conta Nivia. “Sempre deixava a parte de doce ou o bombom dele para o meu irmão Raphael; acordava cedo para fazer café para o meu irmão Gabriel, antes de trabalhar; ia todos os dias na minha casa ver meu filho, Davi, por quem era apaixonado, e tomar um capuccino comigo”.

Sempre ao lado da família e dos amigos, gostava de uma boa conversa, de festas e de degustar algumas cervejas. Adorava também escutar músicas de bandas internacionais, como U2 e R.E.M.

Apaixonado pelo Cruzeiro, sua filha Nivia acredita que ele estaria imensamente feliz com os bons resultados do time após o período difícil que decorreu de queda para a série B do Campeonato Brasileiro. “Estaria radiante, agora, com o Cruzeiro”.

Seu semblante sério enganava: muitos tinham receio dele. Mas logo descobriam o quão generoso, leal e companheiro ele era.

Deixa o sentimento de enorme gratidão em todos aqueles que o amavam. “A dor pela sua partida invadiu a minha alma, mas a certeza de sua missão plenamente cumprida e seu legado brilhantemente construído, me conforta e fortalece”, afirma Nivia.

Valto nasceu em Onça do Pitangui (MG) e faleceu em Contagem (MG), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Valto, Nivia de Fátima Solani Pereira. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Aline Mariane Fernandes, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Larissa Reis em 10 de novembro de 2022.