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Wagner Raimundo da Silva

1966 - 2020

Uma breve história, que em momento algum foi superficial. Sua alegria contagiante o fez infinito.

Dono de um carisma que fez parte de sua essência, Wagner fazia amizade em cada canto. Por não medir esforços em ser prestativo e generoso, tinha essa facilidade de atrair pessoas e preservar esses encontros.

Com os de casa, não mediu esforços para ser presente na vida da filha Taissa; da companheira de vinte e sete anos de estrada, Rita de Cássia; da filha e do neto do coração, Gabrielle e Piettro.

Brincalhão e inventor de modas próprias, sempre dava um jeito de contornar uma situação. Quando não lembrava o nome de alguém, apelidos carinhosos, tirados da cabeça dele, eram a solução encontrada. Ao contar alguma história, dessa vez de forma bastante sarcástica, apelidava todos a quem se referia de “Ronildo”.

Brincadeiras assim, que ele foi cravando ao longo da vida, expressam bem o homem de espírito alegre que provocou muitas risadas a sua volta.

Quando não estava trabalhando nos seus dois ramos — montagem de divisórias e motorista de aplicativo — era fascinado por conhecer o reino animal, e fazia isso assistindo aos documentários do canal National Geographic. Chegava a chamá-los de “meus bichinhos”. Também, prendiam sua atenção, as histórias que acompanhava no History Channel — a curiosidade dele não tinha fim. Para passar o tempo, também adorava jogar videogame, principalmente os jogos de guerra.

Mas Wagner também era das praias, dos mirantes pelo Rio de Janeiro, da surpresa inusitada na casa de alguém. Acordava às 5 horas da manhã para curtir praia em Mangaratiba. Tinha um espírito disposto.

Uma vez, ele se meteu numa situação muito engraçada ao tentar ajudar a filha a entrar em casa depois de ficar trancada do lado de fora. Até deu certo no final, mas a cena de Wagner, custando segurar Rita no colo para pular o muro, é ainda muito memorável por ter sido tão divertida.

Revezava-se entre os ritmos dançantes do Baile Charme, as lentas no estilo flashback e um samba de Benito di Paula.

Os animais correspondiam seu amor, tanto que foi o único a se safar das mordidas que Lourdes, a gata de Taissa, dava em todo mundo que se aproximava dela. Sempre que chegava na casa da filha, a primeira coisa que perguntava era: “onde está a maluca?”

Demonstrou carinho e interesse por quem amava até o último momento. A mensagem, que a filha não conseguiu ver na hora, foi um "Bom dia, filha" e vários corações no aplicativo de mensagens, enviada pouco tempo antes de partir.

Mas apesar da ida precoce, passou por aqui tempo suficiente para ser inspiração e exemplo de amor, generosidade, empatia e — sua marca registrada: Alegria!

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Uma homenagem ao tio de Wagner, Gilberto Rodrigues Serra, também se encontra neste memorial: https://inumeraveis.com.br/gilberto-rodrigues-serra/

Wagner nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 53 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Wagner, Taissa Paz da Silva. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Jullia Cassia, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 30 de setembro de 2020.