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Waldemy Ferreira dos Santos

1937 - 2021

Tinha uma sensibilidade inexplicável para escrever poemas e admirar o universo.

Esta é uma carta aberta de Lorena para o seu avô do coração, Waldemy:

Mi, foi avô sem ter tido um neto, encontrei nele um avô que nunca tive, um professor exigente que me salvava desde que aprendi a escrever meu próprio nome e a contar. Aprendi a ouvir e, acima de tudo, a gostar de suas resenhas sobre os livros que amava, sobre o Universo e seus mistérios.

Com ele pude crescer já aprendendo desde cedo a lidar com as diferenças. Aprendi que personalidades fortes também devem ser ouvidas e têm muito o que ensinar. Foi comprando balas todas as tardes com aquele um real que ele me dava diariamente que aprendi o que era independência.

Mi, lembrarei sempre de você me fazendo rir e contando suas histórias, as aventuras de quando era apenas um soldado novo e corajoso. Suas histórias sobre Ilha Grande, à qual sempre imaginei que você pertencia, pois se lembrava de lá com tanto amor... Ah, como eu amei ser chamada de "bebê" com tanto carinho desde quando eu era realmente um bebezinho! Como era bom te chamar apenas de "Mi"... Essas eram nossas marcas registradas, só nossas e para sempre.

Seus devaneios sobre o Universo e as galáxias serão relembrados por mim, que agora fico feliz, pois finalmente você descobrirá o que sempre sonhou em desvendar. Agora sim está em casa, ao lado de sua tão amada mãezinha que, mesmo o senhor já estando idoso e tendo vivido tanta coisa, ainda parecia uma criança que sente falta da mãe que partiu.

Waldemy nasceu em Pernambuco e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta do coração de Waldemy, Lorena Soares Cardoso Baêta. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 18 de outubro de 2021.