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Waldomiro Ramos Fernandes

1937 - 2020

Cultivava com cuidado e carinho especial suas belíssimas samambaias.

Emotivo.

Esse é um dos primeiros adjetivos que vêm à mente ao falar do homem que era carinhoso com a família e que chorava por tudo. Um manteiga derretida, principalmente quando, saudoso, relembrava e contava as histórias de seu tempo de menino. Lembrar dos pais fazia com que seus olhos sempre marejassem.

Honesto, prestativo e muito trabalhador, Waldomiro não se aquietava, não podia ver uma brechinha para entrar numa nova atividade. Lavava o quintal diariamente e ajudava os comerciantes em dia de feira.

Foi um pai e marido extraordinário e, com a neta, conseguiu multiplicar e expressar todo esse carinho que nutria pela família. "No dia que minha filha nasceu, ele colocou uma faixa na rua para avisar que ela havia nascido. Ele tinha um amor muito grande por ela. Estava muito feliz e sonhava com o casamento da neta", conta a filha Simone.

Waldomiro era sorriso e bondade, um amigo para todas as horas. As samambaias que cultivava, além da beleza, traziam um ar de conforto e tranquilidade ao lar.

"Fez de tudo por mim e pelo meu irmão que já é falecido. Sempre me ajudou muito, e sou imensamente grata a ele por isso", afirma a filha.

Fanático pelo São Paulo FC, Waldomiro queria que a camisa do time fosse sua última vestimenta. Simone atendeu o derradeiro desejo do pai e entregou a camisa para que fosse colocada sobre o peito do torcedor tricolor.

"Pai, você faz muita falta, sinto tanta saudade! Te amarei eternamente", finaliza Simone.

Waldomiro nasceu em Santos (SP) e faleceu em Santos (SP), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Waldomiro, Simone Ramos Fonseca. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Acácia Montagnolli e moderado por Rayane Urani em 23 de março de 2021.