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William Gonçalves

1977 - 2020

Sempre disposto a fazer bolos, pregar peças e tornar a vida daqueles com quem convivia mais leve e feliz.

"Falar do meu amado não é difícil. Ele era uma pessoa maravilhosa e estava sempre pronto para ajudar", assim Rosalina inicia sua homenagem ao ótimo companheiro com quem conviveu desde 2015. "Ele gostava de estar comigo em todos os lugares. Mesmo quando não podia, ele dava um jeito de me acompanhar e ajudar nas saídas para consultas médicas, mercados... Ele era extremamente prestativo e não me deixava passar nenhum sufoco", relata ela.

Com o carinho e a dedicação costumeiros, William também organizava a geladeira e cozinhava... "Ele fazia pães, bolo de cenoura, chocolate, fubá. Eram todos 100% caseiros, nada de bolo de caixinha! Ficavam todos deliciosos e eu dizia: 'desse jeito vou ficar gordinha', mas ele se realizava preparando cada receita com prazer. Não era do tipo que pedia nada para ele próprio, mas fazia tudo pelos outros", diz Rosalina.

Foi um pai maravilhoso para a pequena Júlia, sua filha de 11 anos. William tinha um amor enorme por ela, que sempre retribuiu todo o carinho dado por ele.

Trabalhava de segunda a sexta-feira em uma empresa onde era muito querido e, aos sábados, trabalhava num lava-rápido para complementar a renda. Mesmo assim, mantinha-se disposto e feliz, sem reclamar de nada e, ainda por cima, levava o café na cama para Rosalina, que sempre admirou toda essa energia. Segundo ela, por causa dessas pequenas atitudes, ficava a cada dia mais e mais apaixonada por William. "Antes de sair para o trabalho, ele sempre dizia que me amava e que nunca iria ficar longe de mim. Depois, pelo celular, chegavam mensagens de ‘bom dia’ ou então frases em que dizia o quando era feliz comigo e o quanto me amava. E eu também enviava mensagens carinhosas para ele o dia todo", relembra a esposa.

William era um sujeito engraçado, pregava peças em todo mundo e divertia a todos com quem convivia. Tinha a mania de tirar as casquinhas de todos os machucados que via nele e na esposa, o que deixava os dois com marquinhas e pequenas cicatrizes. Por isso, muitas vezes Rosalina tinha que fugir ou esconder suas feridas para que ele não colocasse em prática esse hábito tão marcante. Ele também gostava de pentelhar a esposa no banho: ora jogava uma caneca de água fria nela, ora apagava a luz do banheiro para deixá-la no escuro. Só que ele se dava mal, pois, às vezes, ela esperava a hora do banho dele para então revidar.

Essas brincadeiras e detalhes do dia a dia fazem com que a esposa sinta falta de William até nas pequenas coisas, nos mais simples acontecimentos e tarefas diárias, pois era divertido levar a vida ao lado de um companheiro tão agitado e disposto a se divertir e a alegrar a vida dos outros.

O sonho do negócio próprio foi alcançado: William abriu um lava-rápido. Rosalina aprendeu com o esposo como tocar o negócio. "Hoje posso dizer, meu amor, que você deixou para mim um reinado. Uma forma de caminhar. Seu exemplo, meu amor por você e por Deus me dão forças pra seguir adiante. A você, vida minha, só tenho a dizer muito obrigada, pois aí do Céu, sei que ainda cuida de mim. Te amo!", finaliza a esposa.

O amigo Osni também fez questão de homenagear William e complementou: "Quem perde hoje somos nós, mas quem ganhou foi o Céu, porque você não deixará de fazer suas traquinagens aí em cima. Você ficará na minha memória, irei sempre sorrir quando me lembrar das suas brincadeiras, das milhares de travessuras que por muitas vezes quase me mataram de susto. Sentiremos sua falta, meu amigo! Descanse em paz! Aqui manteremos as lembranças felizes dos momentos vividos ao seu lado."

William nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Suzano (SP), aos 43 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa e pelo amigo de William, Rosalina Costa Nascimento e Osni José Gonçalves. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Paula Ledo dos Santos e moderado por Rayane Urani em 5 de maio de 2021.