Memorial dedicado à história
de cada uma das vítimas do
coronavírus no Brasil.
Depois de trabalhar por toda uma vida, apreciava se sentar na calçada para aproveitar as horinhas de folga.
Cozinheira de mão cheia, preparava tudo com muito amor. Gostava de cerveja sem álcool e amava o mar.
Brincalhão e espirituoso, Chicão oferecia suco e depois disparava "Você quer suco? Então vai fazer!"
Viveu intensamente sua vida e cumpriu a missão na terra.
Caridoso, ajudava muitas pessoas, mas não fazia propaganda disso.
Era na culinária que expressava seu amor pela família.
Jamais passava pelo caixa expresso se tivesse um único item a mais do que os dez permitidos em seu carrinho.
Era parceiro de truco e de pesca de sua filha. Ao lado dele, ela perdia o medo.
Antes mesmo de nascer, a luta e a ferrovia já estavam em sua vida.
Seu quarto parecia de criança, todo cheio de enfeitinhos e bichos de pelúcia; era para combinar com sua alma pura.
Jogava futebol, videogame e estilingue em latinhas com os netos.
Para ele, não existia distância grande o suficiente. Viajava centenas de quilômetros para ver a família.