1964 - 2020
Gostava de ver a vida do alto.
Na rotina de "Toco", como era conhecido, não podiam faltar duas coisas: ser o primeiro a dar bom dia para a filha Vitória – nem que fosse por telefone – e ir dormir ouvindo rádio amador (desses que se usa na aviação).
Desde sempre ele gostou de aviões, uma paixão que herdou do pai, que havia sido piloto. Frequentemente, iam juntos ao Aeroclube de Joinville ver os aviões lá no céu e conversar com os pilotos.
Essa relação de pai e filho, com o tempo, foi ficando mais forte e também um tanto invertida. "Meu pai cuidava dos meus avós como um pai cuida de um filho. Ele ficava o tempo todo olhando as câmeras de segurança da casa deles, para saber o que estavam fazendo, se estavam bem, se estavam 'fazendo bagunça', dizia. Era engraçado", lembra a filha Vitória.
Uma das maiores características de Osny era a prontidão para resolver problemas. "Meu pai era meio bravo, contudo habitualmente resolvia tudo, principalmente pensando no bem-estar da família. Era uma pessoa íntegra, que não tinha pendências."
Depois que se aposentou, teve ainda mais tempo para cuidar de seus pais, da filha e do casamento. Foram trinta e cinco anos de história entre Toco e sua esposa, Cláudia. Destes, trinta foram casados. Se conheceram em uma festa, namoraram cinco anos e se casaram. Não demorou e logo veio a filha Vitória, que fala com orgulho do casamento dos pais. "Eles tiveram um casamento muito bem vivido com companheirismo, fidelidade e respeito. Levo isso como um exemplo"
Não só a filha via essa relação como exemplar, assim como os amigos – que eram poucos, todavia de longa data. Todos ao redor notavam que eles haviam mantido o amor vivo ao longo das décadas. Quem os via sabia que, no casamento, haviam construído uma forte amizade.
Com a esposa, Osny gostava de ir à praia. Entretanto, a prioridade não era entrar no mar. Era vê-lo de cima. Apesar de não ter aprendido a pilotar aviões, se encontrou pilotando drones. E lá do alto podia ver imensidões.
Osny nasceu em Joinville (SC) e faleceu em Joinville (SC), aos 56 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Osny, Vitória Krüger. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Michele Bravos, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 2 de março de 2022.