1970 - 2020
Sempre ouvindo Jorge Aragão, ele só errava mesmo era no arroz...
Seria mais um dia de trabalho como outro qualquer na vida de Marcos. Seria...
Um choro de uma criança chamou a atenção do então instalador de ventiladores. Era fome, mas a mãe da criança não tinha dinheiro. Primeiro ele comprou leite para resolver a urgência.
Passado um tempo, casou-se com aquela mãe e tornou-se pai da menina que antes chorava e também de seu irmão mais velho.
Cuidou e foi cuidado, abraçou e foi abraçado por aquela nova e improvável – mas restaurada – família.
Foi um filho incrível, tio atento e também avô insubstituível. Com a neta assistia aos jogos de sua outra paixão – o Flamengo.
Trabalhador incansável, arrumou tempo e enfrentou dificuldades para realizar outro sonho e se tornar engenheiro mecânico. Não chegou a trabalhar na área, mas tinha fé que conseguiria.
Bem humorado, colocava apelido em todos, e não dispensava uma roda de conversa nos bares ou em casa, para onde trazia seus amigos para se servirem dos preparos que fazia, a costela ou seu churrasco. Na cozinha, só errava no arroz... Tudo isso sempre ao som de Jorge Aragão.
“Logo, logo assim
Que puder, vou telefonar
Por enquanto tá doendo
E quando a saudade
Quiser me deixar cantar
Vão saber que andei sofrendo...
E agora longe de mim
Você possa enfim
Ter felicidade
Nem que faça um tempo ruim
Não se sinta assim
Só pela metade...
Ontem demorei
Prá dormir
Tava assim
Sei lá!
Meio passional
Por dentro...
Se eu tivesse
O dom de fugir
Prá qualquer lugar
Ia feito um pé-de-vento.”
Marcos nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 49 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Marcos, Hannah Delfino Camaçari. Este texto foi apurado e escrito por Rogério Zé, revisado por Monelise Vilela e moderado por Rayane Urani em 31 de maio de 2020.