1950 - 2020
Um cearense colecionador de relógios, embora o tic-tac do seu coração batesse mesmo era por Curitiba.
Se a coleção de relógios marcava o interesse de Charles pelo tempo, as andanças pelo país apontavam a predileção pelo espaço.
Após deixar sua Mangabeira, passou por vários Estados e municípios até fincar de novo os pés no Ceará. Mas foi na cidade de Curitiba que deixou o coração. Ou pelo menos parte dele, já que os filhos Cristiane, Charlene e Pedro, além dos netos, ocupavam em seu peito lugar de destaque.
Sério, porém afetuoso, Charles costumava ser solícito. “Ele queria que as pessoas gostassem dele, e gostavam”, conta Lane. O padrasto estava casado com sua mãe, Maria das Graças, há 11 anos.
Apesar de nunca ter deixado o Brasil, e não dominar outro idioma, divertia-se fingindo de estrangeiro e inventando línguas e sotaques. Na cantoria das horas vagas, imitava Jerry Adriani.
Sua veia artística contrapunha o rigor com que mantinha os marcadores do tempo. Todos em sincronia. Sempre.
Charles nasceu em Mangabeira (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela enteada de Charles, Lane de Lemos Cid. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mariana Quartucci, revisado por voluntário e moderado por Rayane Urani em 1 de junho de 2020.