1944 - 2020
Como Mestre de Obras inspirou os filhos a trilharem o mesmo caminho.
Amigo de todos, sempre disposto a uma boa conversa, um paizão e grande companheiro de vida. Em Pirassununga, São Paulo, estabeleceu sua vida profissional, viveu com sua grande parceira de vida e firmou o seu porto seguro, a sua família. Com Lucineia sua companheira, viveu 48 anos, com ele teve oito filhos: Rodinei, Rosângela, Rodolfo, Rodiel, Rodimaira, Royvane, também os falecidos: Rodrigo e Rogério.
Ele não gostava muito de aglomeração e festas. A casa quando estava cheia, geralmente lá estava ele na sala deitado assistindo tv. O Santos era o seu Time do coração, tinha até camisa. Não costumava ir aos estádios. Preferia assistir aos jogos com os filhos no aconchego do lar.
Para os moradores da rua onde morava, os familiares, os amigos, aquele jovem senhor, que adorava conversar com todo mundo e que era o atento vigilante da rua de cima, era conhecido como Adãozinho. Dentre as lembranças que marcaram a convivência, destaca-se o gosto que ele tinha de contar histórias de quando era mais novo, dos bolinhos de carne que ele fazia e que degustávamos com molho inglês e das pescarias que ele costumava fazer com os meus irmãos, destaca Rodimária.
Na cozinha, Adão era bastante criativo, porém não se aventurava em pôr a mão na massa. Seu talento se limitava a escolha dos pratos, que eram executados com muito esmero por Lucineia. Gostava de pratos apimentados, e por isso, não abria mão de fazer os molhos de pimenta, os quais também colecionava.
Quem não o conhecia, não tinha noção de como aquela cara marrenta, que muitos tinham nas impressões iniciais, se desfazia facilmente quando ouvia ou contava uma boa história. Ele gostava de escutar músicas caipiras, principalmente as de Milionário e José Rico, ou de participar de situações simples como levar a neta para a praça onde lá, davam pipocas aos pombos.
Foi um trabalhador esforçado e soube honrar o seu ofício. Como Mestre de Obras conquistou respeito e reconhecimento profissional. Seu talento e disciplina inspirou dois dos seus filhos a trilharem o mesmo caminho. “Trabalhamos muito juntos. Eu sou o que sou por causa do exemplo dele. Me ensinou tudo o que sabia sobre construção”, diz seu filho Rodnei.
Continuamente motivou todos os filhos a trabalharem e a correrem atrás dos objetivos. Sobre o mundo do trabalho e sobre a vida de modo geral, ele foi um grande conselheiro. Era muito preocupado, sabia que eram importantes os momentos de incentivá-los a superarem seus limites. Então, habitualmente tinha a hora em que ele dizia: “Criou asas, agora voa!”.
Era supervaidoso com os seus cabelos. Não deixava ninguém passar a mão. Só quem podia era o Rodinei, nos dias em que dava o tapa no visual: cortava o cabelo e fazia a barba.
Na vida foi um guerreiro. Venceu muitas batalhas. Abriu caminhos para que as gerações mais novas da família construíssem novas perspectivas para o futuro. Seus ensinamentos e seu legado seguirá orientando familiares e amigos, fazendo com que continue vivo nos corações e mentes de quem o conheceu. Adão não é e nunca será um número.
Adão nasceu em Restinga (SP) e faleceu em Pirassununga (SP), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelos filhos de Adão, Rodimária Vieira e Rodinei Adalto Vieira. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Fabrício Nascimento da Cruz, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 6 de janeiro de 2022.