1994 - 2021
Dançava no Ministério de Louvor da Igreja, levando fé e amor por meio de sua leveza e sorriso.
A filha querida da Sueli e do Seu Antônio, a esposa feliz de Dário Farias e a mãe de duas lindas meninas: Micaella e Theodora, que, infelizmente, não pôde pegar no colo, pois nasceu apenas dez dias antes de sua partida.
Mãe excepcional e dedicada, deixava Micaella sempre cheirosa e arrumada, e amava distraí-la gravando vídeos para compartilhar no aplicativo. Juntas, tinham uma rotina de sair por volta das 17 horas, para brincar. "Aos sábados, ela se aprontava, aprontava a filha e me dizia que era dia de ‘colocar roupa para passear e ficar arrumada'”, conta a irmã, Herica, achando graça.
“Uma de suas características mais marcantes era a sua risada. Ela sempre foi uma menina muito doce, não guardava mágoa de ninguém. Gostava de enfrentar sozinha os seus dias ruins. Às vezes conseguia dividir comigo e com nossa mãe, mas preferia não incomodar ninguém.”
"Nós fazíamos aniversário no mesmo mês, abril. Ela gostava demais de comemorar o aniversário. A vida toda nós compartilhamos as nossas festas e comemorações. Ela era minha melhor amiga, companheira e confidente. Era a única pessoa que me conhecia profundamente. Em 28 anos de vida, nós duas nunca passamos um dia sem nos falar. Por mais que pudesse existir alguma discussão, nunca ficávamos brigadas.”
Herica e Jéssica compartilhavam todos os momentos, tanto nas coisas grandes, como nas banais do dia a dia. Amavam almoçar juntas aos domingos e visitar a mãe em sua casa. Quando ainda solteiras, viajavam juntas sempre e a irmã recorda que, mesmo correndo do sol, Jessica amava ir à praia para andar nas ruas do litoral acompanhada de um guarda sol gigante.
Herica também conta que, mesmo depois de se mudar para outro Estado, há quatro anos, seguiram muito próximas: ela continuava sendo o seu primeiro “bom dia”, e a última pessoa para quem dava boa noite. "Pensar na minha irmã é pensar em toda uma vida: eu a vi nascer. Lembro perfeitamente do dia em que ela chegou. Fui à maternidade e meu pai me colocou em cima de uma pedra pra eu conseguir vê-la, da janela, no seu primeiro dia de vida", relembra.
Jéssica e a mãe moravam na mesma rua e eram bem unidas. A mãe costumava dizer que ela era sua filha mais boazinha e delicada; e que era sempre cuidada com mais atenção, porque a julgavam frágil. Entretanto, apesar de sua doçura, Jessica, era uma mulher muito forte, que deixou marcas inesquecíveis em quem a conheceu.
Jéssica era bem caseira, gostava de ficar com a família, comendo coisas gostosas, como o bolo de cenoura com cobertura de chocolate que costumava fazer e era famoso — ela fazia para todo mundo! Seu hobby preferido era dançar. Ela dançava na igreja e fazia parte do Ministério de Louvor. Todos ali a amavam e concordavam que, quando ela dançava, conseguiam ser tocados por ela, por sua leveza e por seu sorriso. Dançando, ela conseguia acalmar qualquer coração aflito. Jessica era a pessoa em quem todos confiavam, era sempre procurada para ouvir desabafos e nunca deixou alguém sem consolo.
“Descrever a Jessica é falar sobre o sorriso, a doçura, a dança, a alegria, as brincadeiras e o principal: o amor que dedicava à sua filha, à nossa mãe, à sobrinha Elisa – por quem ela era apaixonada — e a mim”, relata Herica. “É relembrar nossa vida juntas, dos lanches na casa dos nossos pais nas sextas-feiras, de comer salgadinho de festa de aniversário. Lanchar juntas era uma das coisas que ela dizia sentir mais falta quando me mudei, pois sempre estávamos brincando uma com a outra. Eu lembro da minha irmã como aquela amiga que divide tudo, exatamente tudo da minha vida. Lembro dela me zoando, com sua gargalhada marcante; dela dançando, muito expressiva; dela me ligando e dizendo: ‘Tenho uma fofoca pra te contar’. Ou mandando mensagem, perguntando: ‘Tá aí? Preciso desabafar...’"
Jessica deixa um legado de alegria e doçura. Seus sorrisos serão uma lembrança eterna na memória de quem teve o privilégio de conhecê-la. “Irmã, te amaremos para sempre”, finaliza Herica. “Suas filhas crescerão sabendo da mãe incrível que tiveram e que foram muito amadas por ela”.
Jessica nasceu em Londrina (PR) e faleceu em Londrina (PR), aos 28 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã de Jessica, Herica Fortunato da Silva. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Luma Garcia, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 23 de março de 2022.