1954 - 2021
A poetisa que soube criar o próprio reino mágico.
Era apaixonada por crianças; foi mãe de quatro filhos e avó de seis. Todos eles eram tratados como príncipes e princesas, reis, estrelas, flores e cristais que, no mundo mágico dela, recebiam uma denominação relacionada com suas características pessoais e, amorosamente, se tornava um codinome.
Teve uma caminhada difícil e muito cedo a morte levou seu primeiro amor, mas não se deixava abater e, batalhadora, ela abria caminhos: foi a primeira mulher da família a dirigir veículos e a trabalhar.
Os filhos homens tiveram sérios problemas de saúde que os médicos disseram ser insolúveis, mas porque ela não desistiu de nenhum deles, estão todos bem.
Vera foi cabelereira por mais de trinta anos. Seu salão era o seu reinado e amava aquele lugar. Imparável, ela também trabalhava com o genro na lavoura quando precisava.
Daiane, sua filha, conta amorosamente: “Era vaidosa, linda e, sorridente, cumprimentava até quem não conhecia. Tinha uma fé inabalável, gostava de música, de doces e de reunir os filhos e netos. Ela era minha melhor amiga e eu queria que ela envelhecesse aqui, mas foi encontrada pelo vírus. Ela faz falta todos os dias. Não é só um número.”
Vera nasceu em Monte Alto (SP) e faleceu em Monte Alto (SP), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Vera, Daiane Samila Berghe Marin. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 23 de dezembro de 2022.