1976 - 2020
Como diz a música: “Os bons morrem antes”. Ela deixou saudade pela fartura de generosidade e de amor.
Quem a conheceu bem diz, sem pestanejar, que era lindo de ver como a família foi o seu grande amor.
Simone não teve um início de vida fácil e precisou começar a trabalhar aos 8 anos. Precoce também foi em encontrar o amor de sua vida, logo em seu primeiro namorado; conheceu Adilson quando tinha apenas 14 ou 15 anos de idade.
Ao lado do marido e dos filhos Lucas e Arthur, fazia muitos planos, especialmente, o de ficar velhinha ao lado de seu companheiro de caminhada e de sua família tão amada.
Os sobrinhos também ocupavam um lugar especial em seu coração acolhedor, e, alguns deles, inclusive, chamavam-na de mãe e aninhavam-se em seu colo, sempre que podiam.
O altruísmo de Simone levou-a a ser uma profissional excepcional, que se tornaria uma amiga preciosíssima quando Danieli, sua empregadora, mais precisou dela.
O comprometimento e o capricho com o trabalho chamaram a atenção desde o início. Por iniciativa própria, buscava na internet receitas de misturinhas para cuidar da casa da família. Pouco antes de escrever esta homenagem, Dani encontrou uma delas, o que a fez lembrar da amiga com muito carinho.
“A Simone chegava de manhã, na hora do café, e dava aquele bom dia ensolarado, do qual eu sinto muita falta, assim como de nossas conversas e risadas”, conta Danieli, com a voz embargada.
Desde que começaram as férias de Maria, a filha única de Dani, Simone passou mais tempo com a pequena, de 5 anos. Com a pandemia, o vínculo das duas ficou ainda mais forte. “Ela sempre teve um carinho impressionante com a minha filha mas, há algumas semanas, notei que os ‘Eu te amo’ para a Maria, tornaram-se ainda mais frequentes.”
Na tentativa de protegê-la, desde o início da pandemia, Dani começou a levá-la para casa todos os finais de tarde.
Agora, o barulho dos carros, se aproximando da casa de Simone, ganhou um novo sentido: O filho Lucas, que é autista, aguarda a chegada de sua mãezinha desde que foi hospitalizada, repetindo sem parar: “Cadê Simone?”, “Cadê Simone?”. E não é o único a demonstrar a falta que ela faz.
“Simone era uma mulher de muita fé, que segurou a minha mão quando mais precisei e dava em mim aquele abraço de sustento. Eu acreditava que ficaria com a gente até a Maria crescer. Como diz a música, infelizmente, ‘os bons morrem antes’”, finaliza Danieli.
Deixou saudade, especialmente, pela fartura de generosidade e amor distribuída a todos ao seu redor.
Simone nasceu em Vitória (ES) e faleceu em Vila Velha (ES), aos 44 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido empregadora e amiga de Simone, Danieli Campos. Este texto foi apurado e escrito por Jaqueline Oliveira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 16 de junho de 2020.