1970 - 2020
Era o "boa-noite" do fim do expediente, acompanhado de um sorriso.
Durante a noite, trabalhava como porteiro e segurança. Em suas manhãs, zelava pelos seus: levava o carro do filho na mecânica, fazia o mercado para todos que estavam fora de casa... Era disso que ele gostava.
Seja na igreja, seja no bar, ele sempre aproveitava para ver os amigos.
Ainda menino, o cearense João chegou ao Rio. Vendeu cachorro-quente e picolé. Conheceu Maria Aparecida quando tinha 17 anos. A partir daí fez dois filhos com ela, uma casa e muitas pizzas de queijo e presunto, a preferida do pessoal da casa.
De infância pobre, comprava brinquedos e artigos infantis para esquecer a época desafortunada. Era muito responsável e ofertava-se pelo conforto da família.
Homem de fé, em seu último aniversário disse que morreria feliz. “Eu já vi meus filhos se formando”, completou.
Seu filho Jonatan foi surpreendido quando soube como o pai falava dele para todos os seus muitos amigos, sempre com detalhes e demonstrando orgulho.
A crença de seu pai se juntava na hora de educar. “Meu pai mostrou-me o que era Deus desde de pequeno, me levava à igreja e depois para lanchar. Até quando eu não queria ir, eu ia pelo lanche”, lembra Jonatan.
O “fofo” de Maria Aparecida dividiu sua vida com ela até o último momento. Seus filhos, Jonatan e David, nunca se esquecerão do pai, que só os faziam rir.
João nasceu em Fortaleza (CE) e faleceu em Duque de Caxias (RJ), aos 49 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo filho de João, Jonatan Anderson Fernandes. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Beatriz Moraes, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 25 de outubro de 2020.