1960 - 2020
Deixou uma herança incalculável: valores que o dinheiro não paga.
Foi o desejo de tentar uma vida melhor que motivou o motorista José, de Campina Grande, na Paraíba, a deixar sua terra natal com destino ao Rio de Janeiro.
Na bagagem, além de roupas e utensílios, levava os princípios do amor e da persistência em seus objetivos. Companheiro de Socorro, com quem teve a filha Natália, o nordestino viveu por muito tempo em condições difíceis, até conseguir levar a família para perto. Moraram por um tempo em um quarto de aluguel, onde, apesar da falta de privacidade, nunca faltava o básico.
Foi no Rio de Janeiro que nasceu o filho mais novo do casal, Kaique, que assim como irmã, sempre enxergou os estudos como elemento basilar; uma prioridade estimulada pelos pais e que ajudou a família a melhorar de vida.
Honestidade é a palavra que Natália, de 35 anos, escolhe para definir o pai. “Ele gostava de beber ao fim do dia e aos domingos. Quase sempre era ele quem cozinhava o almoço de família. Eu amava a maneira amorosa que ele cuidava de nossa mãe, do meu irmão e de mim e do meu marido, que ele considerava como filho.”
De uma alegria ímpar, preenchida com o hábito de cuidar do seu instrumento de trabalho ─ o carro ─, e reinventada a cada vez que assistia aos vídeos de forró a fim de matar a saudade e manter vivo o amor pelo nordeste.
Ligeirinho deixa uma herança incalculável de valores que o dinheiro não paga.
José nasceu em Campina Grande (PB) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de José, Natália Gomes da Silva. Este texto foi apurado e escrito por Irion Martins, revisado por Lígia Franzin e moderado por Irion Martins em 31 de janeiro de 2021.