1936 - 2020
Tinha alma de guerreiro e era um fã nato do forró de Caruaru.
Saiu de casa aos 20 anos, após o falecimento de sua mãe e foi se aventurar em São Paulo. Com ofício de pedreiro, voltou para Maceió e então se casou com seu grande amor, Dona Vandete, com quem teve quatro filhos.
Sonhador e apreciador do pôr do sol, tinha um anseio em seu interior: aprender a ler e a escrever. Aos 80 anos, criou coragem e se matriculou no EJAI. Lá conseguiu voltar ao desejo de estudar e até a fazer sua própria assinatura — Que alegria foi esse dia!
Morou por cinquenta e seis anos na mesma rua e na mesma casa. Era lá que acontecia toda cumplicidade entre ele e seus netos. Festas de fim de ano e reuniões familiares tinham que ser lá! "Ele tinha seu cantinho na calçada, no qual se sentava todos os finais de tarde e ficava até a boquinha da noite. Ali sim era o cantinho do Nelson", lembra sua filha Nelci.
Havia duas coisas que ele amava e não abria mão: aproveitar a vida nos pequenos atos, seja dançando para alegrar todos ou assistindo a um jogo da seleção brasileira; e sua família, desde deixar os netos fotografá-lo fazendo gracinha, até se reunir à mesa e comer aquele cuscuz com charque.
Seu Nelson não tinha pressa com a vida e nem precisava de muito para sentir a felicidade percorrer seu corpo. Afinal, ele mesmo dizia: "Se a morte for um descanso, quero viver cansado".
Nelson nasceu em Viçosa (AL) e faleceu em Maceió (AL), aos 84 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Nelson, Nelci da Silva Texeira. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Leila Falcão, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 5 de agosto de 2020.