José Antelian Ferreira Xavier

1950 - 2020

Foi um pai amado de longe, que legou traços físicos e de personalidade, além da saudade, à sua única filha.

Xavier. Assim ele era conhecido por onde morou quando jovem: Rio de Janeiro, Niterói e São João de Meriti.

Nos anos 70, conheceu Dália e começaram a compartilhar um futuro promissor, no curso de Odontologia, no Maranhão. Mas aquela que seria sua única filha já estava a caminho. Com Dália grávida, Xavier voltou com ela para o Ceará, onde nasceria Daniela.

Quando a filha tinha apenas 2 anos, os pais se separaram e Xavier retornou ao seu Rio de Janeiro. "Sempre ouvi falar das suas farras e como meu avô Belinha te queria bem", conta a filha. O reencontro entre ambos aconteceu somente quando Daniela tinha 14 anos. Foi um sonho realizado. Ela conta que nunca tinha visto ninguém tão parecido. "Até o frio que sinto nos pés era igual ao dele. E alguns comportamentos também, como o jeito de ser, meio durona, e isso de sofrer em silêncio", diz. A filha levou essas impressões para a vida, que novamente os separou.

Aqui, porém, Daniela se dirige diretamente ao pai: "Sempre fui muito parecida contigo. Sempre. Mas te amei de longe viu, Xavier? Sempre estavas em minhas orações e no meu simples altar, com uma foto 3x4 sua, estavas sempre do meu lado".

Ela e a mãe tiveram a oportunidade de cuidar um pouco de Xavier em 2017, em Niterói, e de demonstrar o amor e a preocupação com a saúde e o bem-estar dele. Depois disso, novamente se distanciaram — fisicamente.

Irmão de Rosinha e Norminha, recebeu delas os cuidados merecidos em seus três últimos anos de sua vida. A filha se ressente de não ter conseguido estar novamente a seu lado e pede perdão ao pai. "O senhor vai estar para sempre na minha vida, nos meus traços físicos e nos de seu neto Pedro, e também nas minhas orações. Eu te amo", assim despede-se Daniela, que se lembrará de Xavier, para sempre, como um "comilão e apaixonado pelo Botafogo".