1936 - 2020
Gostava de apreciar as coisas boas da vida, olhar o mar e tomar uma caipirinha.
Este é um tributo escrito pelos netos Flávia, Erika e Bruno para a avó, Adair:
Dona Adair era muito querida, tinha muito amigos.
Em toda sua vida sempre foi muito guerreira, inteligente e vitoriosa. Orgulhava-se por ter se aposentado como secretária executiva da USP.
Sempre dizia aos netos (duas netas e um neto) que se não pudessem ser os melhores, que pelo menos estivessem entre eles. E tudo fez para que se tornassem adultos bem formados.
Independente, falante, festeira, alegre, cheirosa, sempre bem-arrumada da cabeça aos pés, uma linda e jovem senhora ─ era a nossa Hebe.
Em Santos, no litoral de São Paulo onde morava, sempre que possível ia para a praia olhar o mar e tomar uma caipirinha! Esse eram os prazeres que ninguém podia lhe tirar, ela apreciava as coisas boas da vida.
Muito religiosa, diariamente pela manhã colocava o retrato dos netos e familiares nas mãos e, em frente à televisão, no horário da missa, de joelhos orava e pedia por todos.
No Natal, reunia a família em volta da mesa para realizar sua tradicional oração, sempre agradecendo a Deus por estarem vivos, reunidos e por tudo de bom ou ruim que tivessem passado, pois eram situações que de alguma forma os unia e fortalecia.
Perdeu seu único filho precocemente e surpreendeu a todos se mantendo firme e seguindo em frente.
Por fim, mesmo em isolamento e sob cuidados foi encontrada pelo vírus e em três dias partiu sem a merecida despedida e homenagem.
Dona Adair se foi sem conhecer o bisneto, Theo, que nasceu 5 horas após sua partida.
Adair nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Santos (SP), aos 84 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelos netos de Adair, Flávia, Erika e Bruno. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 16 de dezembro de 2020.