1953 - 2020
Amorosa ao extremo. Ganhou a vida costurando roupas lindas e sonhos.
Maria era chamada de Hindu, apelido carinhoso dado pelo avô que a acompanhou por toda vida.
Aprendeu na infância o ofício que garantiu o sustento de seus filhos e a conquista da casa própria. Vaidosa, talentosa e entendida de moda, Hindu costurava roupas lindas, e também costurava sonhos.
Gerou três filhos em seu ventre: Carlos Alberto, Carlos André e Clycia. Foi também mãe de coração para Wallace, o mais velho de todos a quem ela cuidou desde recém-nascido, e para Ana Paula, a caçula criada por Hindu desde bebê.
Hindu cuidou sozinha de todos eles. Preocupava-se em não deixar faltar nada, por isso, batalhava dia e noite para garantir o bem dos seus. Clycia conta que a mãe era "amorosa ao extremo". Vários sobrinhos também tinham Hindu como figura materna e, para as noras, ela era como uma segunda mãe. Fazia questão de ser presença na vida de todos.
A filha descreve a mãe como uma "pessoa muito humana" e lembra com carinho da fiel companheira que esteve ao seu lado em todas as quatro vezes em que teve bebê.
Sempre muito atenciosa, não saiu de perto de Clycia e nem dos netos durante o primeiro mês de cada um deles. Ao todo, Hindu teve 16 netos, três bisnetos e outros tantos que a chamavam de vó por amor, independentemente de laços de sangue. Era louca por todos eles.
Além dos cuidados que prestava como mãe, avó e bisavó, Hindu recorria à força divina em nome dos seus. Lia a Bíblia quase diariamente e era frequentadora assídua da igreja, tendo feito questão sempre de levar seus filhos consigo.
Com seu jeito alegre e sorridente, gostava de cozinhar, de ir às compras e de viajar. Clycia lembra que a mãe amava passear no shopping, comprar sapatos e roupas. Também gostava de voltar para trocar um produto ou outro, só para repetir o passeio.
E, por falar em passeio, Clycia conta que a mãe gostava muito de viajar para São Paulo e, por lá, fazia compras e trazia "muitos presentes para todos". A cada janeiro, Hindu acompanhava a filha, o neto Davi e o genro João até Roraima, para um sítio que adorava, especialmente porque se encontravam com Maria, a quem muito amava.
A proximidade e o cuidado com a família estiveram na essência de Hindu. Quando sentiu os sintomas da Covid, impediu que filhos e netos compartilhassem qualquer utensílio com ela e não tirava a máscara por nada.
Há sonhos que Hindu deixou por realizar, como o de viajar para a Suíça e visitar uma de suas sobrinhas, mas há muitos outros que realizou e que ajudou a tornar realidade, que marcaram sua trajetória. Por isso, dizia que "se morresse hoje, morreria feliz".
Maria nasceu em Autazes (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Maria, Clycia Soares Alencar. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Reis, revisado por Lígia Franzin e moderado por Phydia de Athayde em 8 de janeiro de 2021.