1938 - 2020
Uma viagem para o Rio de Janeiro. De avião. Esse foi seu último presente de aniversário, como ela queira.
Lá foi a vó conhecer o Pão de Açúcar, a Praia Vermelha e almoçar no Chiquita. “Mas Dona Nalzira não era brinquedo, não”, avisa a neta Jaqueline. Durante a viagem, ela reclamou tanto, que a família até duvidou que ela estava gostando do presente que pediu. “Minha mãe me garantiu que estava adorando. Aquelas reclamações eram tudo ‘tipo’”, diz a neta.
Dias depois, de volta a Belo Horizonte, cheia de energia, mesmo apesar das injeções diárias de insulina que tomava por causa do diabetes, fez questão de ajudar a fazer os docinhos do aniversário de uma parente. “Mesmo a gente tendo que, escondido, dividi-los ao meio depois, pois eram enormes”, diz Jaqueline.
Dona Nalzira deixa seis filhos e 13 netos. Antes da chegada da pandemia, a família se preparava para, quem sabe, no próximo aniversário levá-la para conhecer a neve de Santiago. “À Dona Nalzira eu devo minha existência, minha descendência, minha força e minha boca-suja”, diz a neta.
Nalzira nasceu em Simonésia (MG) e faleceu em Belo Horizonte (MG), aos 81 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Nalzira, Jaqueline Alves de Almeida Calábria. Este tributo foi apurado por Jonathan Querubina, editado por Ticiana Werneck, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 13 de agosto de 2020.