1979 - 2020
Mãe aos dezessete, ela via horizontes onde parecia haver só obstáculos.
Quem testemunhasse o marcante riso da professora e pastora Eli, tão realizada em sua profissão e na vida familiar, dificilmente imaginaria as dificuldades pelas quais passou. Aos 17 anos descobriu que seria mãe e aos 22 já contava três filhos. “Ela aprendeu de forma magnífica a ser mãe, apoio era seu sobrenome”, diz a filha Emilly.
Pobre e moradora da periferia de Rio Branco, muito cedo Eli percebeu que a educação seria a maior riqueza que ela poderia legar aos filhos. A mesa frugal era um dos sacrifícios que essa escolha impunha: nos anos em que ela juntava as economias para pagar o curso de inglês dos filhos, nunca houve fartura. Com esse aprendizado, Emilly conta, a mãe “abriria as portas no futuro” para eles. A profecia da mãe se concretizou. Dois filhos ingressaram em universidade federal e uma foi estudar nos Estados Unidos.
Segundo Emilly, Eli foi “a mulher mais inteligente” que conheceu na vida, “grande amiga” do marido e dos filhos, capaz de sonhar mais que eles, de lhes reconhecer o potencial, de ampliar os horizontes quando a vista alcançava apenas obstáculos.
“Flor em vida, espalhou seu sorriso e contagiou tantos. Mulher cheia de fé, amava a Deus e com certeza está com Ele, diz a filha”. Tamanhas generosidade e empatia devem ter proporcionado a ela a serenidade de quem, mesmo partindo tão cedo, contempla a missão cumprida.
Antônia nasceu em Tarauacá (AC) e faleceu em Rio Branco (AC), aos 40 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Antônia, Emilly Júlia Oliveira Borges. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Joaci Pereira Furtado, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 19 de agosto de 2020.