1946 - 2020
Solidária e amorosa, foi uma linda flor no jardim da vida de muitas pessoas.
“Uma mulher que jamais negava ajuda a quem quer que fosse, impactando a vida de muitos que tiveram a sorte de cruzar o seu caminho”, assim a filha Regina descreve Rosa. Ela conta que a mãe nunca teve muito, mas dividia o pouco que possuía: “Não media os riscos para fazer o bem. Já levou para tomar banho em sua casa, e alimentar, pessoas em situação de rua e viciados”. A filha explica que o amor que a mãe tinha pelo ser humano superava qualquer medo de se aproximar para ajudar nos momentos de necessidade.
Mulher guerreira, sofreu a terrível dor de perder uma filha ainda bebê. Um ano depois, ficou viúva e com três outras filhas para criar, mas não mediu esforços para que nada lhes faltasse. Casou-se uma segunda vez e teve mais dois filhos. Separou-se e agora eram cinco bocas para alimentar e cuidar. “Ela nunca teve medo de trabalhar. Enfrentou serviços pesados que muitos homens não aguentariam, mas ela aguentava firme por amor a seus filhos. E foi com esse mesmo amor que ela viveu todos os anos de sua vida”, diz Regina.
O último trabalho de Rosa havia sido como servente na Prefeitura do Rio de Janeiro, função pela qual se aposentou: “Trabalhando e morando em uma escola, ela fez parte da vida de muitas crianças e de seus pais, e tinha sempre uma palavra amiga, carinhosa ou de conforto, para cada um deles”, relata a filha.
Rosa enfrentou também um câncer que a obrigou a retirar a mama esquerda, mas nem a doença nem os sofrimentos pelos quais passou foram motivos para que ela desistisse da vida: “Lutou contra a doença e se curou, sempre com muita fé em Deus e determinação”, afirma Regina.
Mesmo com uma trajetória de vida marcada por tantas dificuldades, Regina conta que a mãe em nenhum momento perdeu a ternura e a generosidade: “Ela foi realmente uma mulher de muita garra e repleta de amor. Perfeita? Claro que não! Como todo ser humano, tinha suas falhas, mas sua bondade e todo o afeto que sentia e demonstrava superavam todas elas”.
“Foi isso que o Covid-19 nos tirou, o amor em sua forma mais linda, a de uma Rosa que alegrava e perfumava a vida de tanta gente”, lamenta Regina. Entretanto, ela busca conforto no que destaca como sendo o mais importante legado deixado por Rosa para os filhos, netos, bisnetos e para todos que tiveram o privilégio de conviver com ela: “O ensinamento - através do exemplo - da importância do amor incondicional”. E conclui afirmando que Rosa “foi o símbolo do amor em sua forma mais simples, deixando a saudade de quem amou e foi amada”.
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A flor mais linda e perfumada do jardim da família, Rosa era uma mulher generosa e de muita fé.
De sorriso largo e um coração que transbordava generosidade, Rosa estava sempre ocupada em ajudar o próximo, não importando quem fosse.
Mãe e avó acolhedora, ela arregaçou as mangas e enfrentou com fé todas as dificuldades para cuidar da família.
Vaidosa que era, adorava se perfumar.
"Nosso jardim perde sua flor mais linda, a nossa Rosa!”, diz a neta Priscila.
Rosa nasceu em Cachoeiro de Itapemirim (ES) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 74 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha e pela neta de Rosa, Regina Marcia Paschoal Cardoso e Priscila Cardoso da Silva Garcia. Este tributo foi apurado por Carla Cruz e Lígia Franzin, editado por Renata Meffe e Mariana Quartucci, revisado por Otacílio Nunes e Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 10 de janeiro de 2021.