1960 - 2020
Não passou pela vida simplesmente, ele a viveu intensamente. Foi feliz a cada dia.
Soube trilhar os caminhos da vida com o mesmo capricho com o qual calçava as ruas quando jovem, nos tempos em que era calceteiro.
Naqueles tempos, os muitos amigos chamavam-no de Gordo, mas o apelido envelheceu com ele e, mais recentemente era chamado mesmo era de Velho.
Mesmo não tendo fincado os pés nas terras do Sul, como bom gaúcho, amava o churrasco. E quanto ia visitar a filha, tratava de pedir seu churrasco favorito ao genro. O acompanhamento, claro, era salada de batatas com maionese.
Viveu em muitas cidades, em três estados diferentes. Amou duas mulheres, e, da primeira de quem se separou, guardou uma amizade sincera. Os dois filhos souberam seguir seus bons exemplos e lhe deram os netos que muito amou.
As lembranças dele com os netos parecem um filme daqueles gostosos da Sessão da Tarde. Subiam em árvores para catar pitangas, tomavam banho em caixa d’água, colhiam os ovos no galinheiro. Dias inesquecíveis. E se havia uma coisa que amava fazer era pescar com o filho, no Mato Grosso, onde moravam.
A filha Denise conta, demonstrando todo seu orgulho e admiração pelo pai: “Meu pai sempre foi um cara honrado sempre fez o certo. Sempre!” Ela, o irmão, os netos, a família e a legião de amigos que fez nas cidades onde viveu, nas empresas onde trabalhou, guardarão sempre, na memória, seu jeito alegre e vivaz.
A vida digna e bem vivida lhe garantiu um anjo a guardar o leito. Ela, a enfermeira, proporcionou a ele seu momento de despedida com a família. E uma troca de vídeos pôde aquecer o coração nessa despedida.
Hermes nasceu em Erval Seco (RS) e faleceu em Cuiabá (MT), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelos filhos de Hermes, Denise Cézar Lisbôa e Antídio Cezar. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Hélida Matta, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 8 de dezembro de 2020.