1935 - 2020
Um ex-policial cujo lema era ajudar o próximo e nunca negar comida a alguém.
Seu Leo. Um homem alegre, que no alvorecer de cada dia circulava pelo bairro onde morava, em Niterói, para comprar o pão quentinho e o jornal diário, conversando com todo mundo que encontrava no caminho. Não tinha quem não gostasse dele.
Quando jovem, serviu no Exército e logo depois entrou na PM. Sempre gostou da vida de militar. Foi um bom policial, daqueles tempos em que a polícia andava de fusquinha. Já estava aposentado.
Casou-se duas vezes e foi pai de nove filhos que criou conforme seus valores, com disciplina e rigor, deixando legados: “Eu devo a ele ser quem eu sou, a severidade dele me ensinou”, diz Rodrigo, um de seus filhos. Ao mesmo tempo, Seu Leo sabia ser alegre e brincalhão, gostava de jogar baralho e dominó, e era vascaíno roxo, o Vasco morava em seu coração.
Seu lema era ajudar o próximo sempre. Seu último pedido antes de ser internado foi: “Não deixem de dar comida para o Seu Jonas”. Estava preocupado com o futuro de um homem simples que vive na rua, fazendo “bicos” e recebendo apoio de uns e outros. Costumava ajudá-lo com frequência, possibilitando a Seu Jonas serviços eventuais, além do prato de comida sempre oferecido com carinho. O desejo final desse homem generoso está sendo realizado por uma de suas filhas, a Michelle, com quem ele morava. E seu exemplo continuará sendo uma inspiração para a família e para todos que o conheceram, ecoando a mensagem que sempre repetia: “Água e comida não se nega a ninguém”.
Jabes nasceu em Santo Antonio de Pádua (RJ) e faleceu em Niterói (RJ), aos 85 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo filho de Jabes, Rodrigo Leonardo dos Santos Silva. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Bettina Turner, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 2 de agosto de 2020.