1940 - 2020
Acordava cedo para coar café; e dedicava seu tempo em compartilhar afeto, amar a família e torcer pelo Vasco.
Quem conheceu Ivan sabia que sua marca registrada era a generosidade. O manauense colecionava o bom gosto pela culinária, o sofrimento pelo Vasco e a paixão em ver a família reunida.
Desde jovem, preocupava-se em ajudar a mãe com as despesas da casa. Aos 16 anos, com a morte do pai, começou a trabalhar servindo café em uma agência do Banco do Brasil. Era com orgulho que ajudava a tão amada mãe, a costureira dona Zulmira, a sustentar os 12 irmãos. Pouco tempo depois, fez concurso e passou a fazer carreira na instituição. E era sempre com orgulho que dizia: “Este banco é uma mãe para mim”.
Aos 25 anos, casou-se com dona Aldir, com quem teve seis filhos: quatro de sangue e dois do coração. Juliane, uma das filhas do coração, conta que, das qualidades do pai, a simplicidade, o bom caráter e o senso de justiça estavam sempre presentes em sua conduta. Do banco, herdou também as qualidades de ser um excelente poupador e provedor da casa. A filha conta que os seis filhos não foram criados com muito luxo, porém livros e bons estudos nunca faltaram.
Tinha o hábito de acordar às 5 horas para fazer o café coado. Aos sábados, costumava ia ao supermercado DB e aos domingos à feira da Manaus Moderna para comprar o peixe da semana e verduras. Gostava de comer sarapatel, ovos de tartaruga, caldeiradas, tambaqui na brasa, banana-da-terra assada e arroz de carreteiro. Apesar de estar sempre em casa, amava ser convidado para almoçar na casa dos filhos.
Adorava ver futebol, principalmente jogos do Vasco, time pelo qual tanto sofria. Após se aposentar, as partidas de dominó na sala de casa também se tornaram rotineiras. Juliane recorda que o pai sempre trajava bermuda, chinelo e camisa polo com bolso. Às vezes era ranzinza e cabeça-dura, mas esse lado logo se desfazia com carinhos, afagos, boa conversa e sorriso tímido.
Ivan também foi grande professor para os filhos. Ensinou a dirigir, fazer mercado, poupar dinheiro, ter humildade e sonhar sempre com os pés no chão. Incentivador, ansiava por vê-los no caminho certo e unidos. Despediu-se com o coração generoso e com a certeza que atingiu o propósito de servir sempre.
Ivan nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha do coração e neta tutelada de Ivan, Juliane Taynah dos Santos Souza. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Gabriel Rodrigues, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 10 de dezembro de 2020.