1964 - 2020
Homem de nobres talentos e simples amores, Tadeu floriu o coração daqueles que partilharam a vida com ele.
Batalhador, acreditava que o trabalho dignifica o homem e não queria que faltasse nada em casa. Por isso, tinha uma empresa de flores, trabalhava nos velórios da cidade e também era cantor. Sua voz era ouvida em um baile nobre de Ribeirão Preto e seu repertório era extenso, já que gostava de todo tipo de música.
Antes de conhecer a esposa, dividiu a vida com outra mulher, com quem manteve uma relação de amizade e carinho mesmo depois do fim do relacionamento. Quando ela adoeceu, ele cuidou da ex companheira até a partida dela, sereno e em paz, com a certeza de que o vínculo dos dois era uma amizade que poucos têm a sorte de ter.
Foi casado por vinte e cinco anos com Branquinha, apelido carinhoso que deu à esposa. E os dois não poderiam ter se conhecido de maneira mais romântica: o arame do caderno dela ficou preso na calça dele quando ela passou pela roleta do ônibus. Foi amor à primeira vista. Depois de vários encontros no ônibus, combinaram de se conhecer melhor e, em oito meses, se casaram.
Ele foi um marido presente, a estrutura de Branquinha. Gostava de ensinar a ela tudo o que sabia e tudo o que descobria de novo.
Teve quatro filhos e tinha uma ótima relação com todos. Foi um pai dedicado, divertido e parceiro. Bravo, às vezes, mas sempre zelou pela educação e pelo bem dos filhos. A vida toda fez o possível para manter todos os irmãos unidos porque sabia da importância de conviver em família e dividir os pesos e as levezas da vida com quem amamos.
Adorava Jesus, ia à igreja, lia a Bíblia, falava sobre o amor de Deus. E não ficava apenas na teoria. Ele sabia da importância de praticar o amor, por isso era caridoso e prestativo com quem quer que precisasse. Como as flores que cultivava, semeou o amor de Deus em todos os corações com suas palavras e ações.
Gostava de futebol, mas não da forma como as pessoas costumam gostar. Tadeu não torcia para o seu time do coração ganhar, mas sim para o Palmeiras perder sempre. Mas quando o Verdão não jogava, ele torcia para o pequeno Comercial, de Ribeirão Preto.
Os animais também tinham um espaço no seu coração. Ele cuidava dos passarinhos, gatos e cachorros que via pelas ruas. Tinha quatro cadelinhas e a mais velha, de 13 anos, era seu xodó.
No café da manhã, tinha mania de tirar o miolo do pão francês e comer apenas a casca. Preferia doces e amava um pacote de bolacha. Era adulto, mas tinha alma de criança.
As flores parecem mais murchas; as músicas já não soam mais tão belas como quando ele as cantava. Ele partiu e deixou um imenso vazio na vida de quem o conheceu. Familiares e amigos sentem sua ausência ao ver um pacote de bolacha ou quando o Palmeiras perde. E isso só mostra o quanto ele é eterno.
Tornou-se imortal por meio das boas ações que praticou e do amor que emanou por onde passou. Assim como uma flor, ele desabrochou e encantou a todos com sua beleza. Agora, viverá eternamente na memória e no coração de quem teve a sorte de encontrá-lo pela estrada da vida.
Tadeu nasceu em Santo Antônio da Alegria (SP) e faleceu em Ribeirão Preto (SP), aos 56 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Tadeu, Andressa Marinho. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Bárbara Aparecida Alves Queiroz, revisado por Paula Ledo dos Santos e moderado por Ana Macarini em 29 de maio de 2021.